O que deve fazer quando é diagnosticado um Adenocarcinoma na Próstata?

Saber da existência de um Adenocarcinoma na Próstata nunca é uma notícia fácil de receber e provoca geralmente enormes angústias e indecisões. De forma a tornar esta fase o mais tranquila e segura possível, é importante conhecer todos os passos a seguir a partir do diagnóstico.

Este conhecimento também permite tomar as decisões certas, contribuindo para um prognóstico mais animador e para o sucesso dos resultados alcançados.

Se recebeu um diagnóstico de Adenocarcinoma prostático, pensa que pode sofrer deste problema ou conhece alguém a quem o mesmo já foi diagnosticado, este artigo é para si: vamos explicar-lhe o que deve ser feito e quais as possibilidades para enfrentar a doença.

 

Adenocarcinoma da Próstata – o que é?

Adenocarcinoma é o tipo de tumor maligno que mais frequentemente afecta a próstata. Apesar de se referir a um tipo específico de células tumorais, como corresponde a mais de 98% ou 99% dos tumores malignos da próstata, é também conhecido como Cancro na Próstata - dado corresponder a praticamente todos os tumores malignos diagnosticados neste orgão.

Como a maioria dos cancros, desenvolve-se graças a uma alteração do ADN das células da glândula, modificando o seu processo de crescimento, divisão e multiplicação, que ocorre sem controlo e a um ritmo mais elevado que o normal. O resultado é uma acumulação destas células, dando origem à lesão tumoral.

Existem vários tipos de tumores prostáticos, afectando diferentes células, como por exemplo:

  • Adenocarcinoma ductal;
  • Cancro das células escamosas;
  • Cancro nas células de transição;
  • Cancro de pequenas células;
  • Sarcoma.

Contudo, como já referido, o tipo de cancro prostático mais comum é o Adenocarcinoma na Próstata, tendo origem nas células glandulares e na zona periférica do órgão. Todos os outros ocorrem em situações mais raras.

 

Quais os diferentes estádios da doença?

Os quadros de Cancro da Próstata não são todos iguais, nem evoluem todos da mesma forma. Além do tipo de tumor poder ser diferente, uns são mais agressivos que outros e a sua localização e extensão também pode variar. Definir estes dados, através de exames e testes específicos, corresponde a fazer o estadiamento do Adenocarcinoma na Próstata.

Existem várias formas de definir o estádio em que determinado tumor se encontra, mas a mais utilizadas é a classificação TNM (Tumor Node Metastasis, ou Tumor Gânglios Metástases), que divide os tumores da seguinte forma:

  • Localizados na próstata - de dimensões variáveis, mas ainda confinados ao órgão onde se desenvolveram. Nesta fase, os sintomas podem ser inexistentes;
  • Localmente avançados – já ultrapassaram a cápsula prostática e invadiram tecidos próximos. Nestes casos, podem existir algumas queixas, como queixas urinárias e alteração dos padrões miccionais;
  • Metastizados – viajaram através dos vasos sanguíneos ou linfáticos e invadiram outros órgãos e locais mais distantes, espalhando-se. Esta é uma fase em que podem existir sintomas causados pelas próprias metástases, como dores localizadas, cansaço ou fraqueza geral.

Obter estas informações após o diagnóstico de cancro é imprescindível para conhecer melhor cada quadro clínico. Desta forma, é mais fácil definir qual a estratégia mais adequada a adoptar para cada caso, para cada pessoa.

O Que Deve Fazer Quando E Diagnosticado Com Um Adenocarc Noma Na Prostata Diferentes Estadios Instituto Da ProstataConheça os Tratamentos disponíveis para o Adenocarcinoma na Próstata

Ainda que muito comum, o Cancro da Próstata é, em grande parte dos casos, tratável, em especial quando é detectado em fases precoces da doença. Assim, após a confirmação do diagnóstico, os pacientes devem conhecer as suas opções, tendo em conta as características do seu tumor.

Existem muitos tipos de tratamentos para esta patologia disponíveis hoje em dia, exigindo, na maioria dos casos, o envolvimento de equipas multidisciplinares com diferentes especialidades, como oncologia, radiologia e urologia.

Vamos conhecer quais são.

 

Métodos com radiação

Em alguns casos, é possível utilizar a radiação para tratar o cancro, através de métodos como:

  • Braquiterapia – inserção de pequenos implantes radioactivos na próstata, através do períneo, que ao longo do tempo vão libertando radiação para destruir o tumor. Regra geral, é realizada numa só sessão;
  • Radioterapia Externa – durante várias sessões, é administrada uma dose controlada de radiação, proveniente de uma fonte externa ao corpo, focada na zona onde se localiza o tumor, através de um aparelho que opera em volta do paciente.

Por ser minimamente invasiva, os efeitos secundários da Braquiterapia, como as queixas miccionais, tendem a ser reduzidos e transitórios. Com a Radioterapia, as consequências, como os problemas intestinais, sintomas urinários, disfunção eréctil ou inflamação da bexiga, são geralmente mais frequentes e intensos. 

 

Técnicas Cirúrgicas

Outra possibilidade de tratamento para o Adenocarcinoma da Próstata é a cirurgia. Como noutros casos, os métodos cirúrgicos permitem retirar o órgão e assim eliminar o problema. Existem diferentes opções cirúrgicas, a cirurgia pode ser realizadas através de diferentes técnicas:

  • Cirurgia Laparoscópica – permite a remoção da próstata e tecidos adjacentes através de pequenas incisões na parede abdominal, por onde se inserem também instrumentos para visualização e controlo do processo, numa técnica minimamente invasiva, que reduz o risco de complicações e permite uma recuperação rápida;
  • Cirurgia Robótica – é uma variação da anterior, cujo procedimento é realizado através de um robot que replica os movimentos do médico, facilitando a execução da técnica;
  • Cirurgia aberta – é a forma mais convencional, que permite extrair a glândula prostática e alguns tecidos próximos, através de uma incisão na zona inferior do abdómen. Esta opção é mais invasiva que as anteriores, apresentando mais riscos e exigindo uma recuperação mais lenta.

Por serem minimamente invasivas, as duas primeiras técnicas apresentam poucos efeitos secundários, apesar de ainda poderem provocar dificuldades de erecção, incontinência urinária ou alterações no orgasmo. Por ser mais agressiva, a Cirurgia Aberta pode provocar os mesmos efeitos mas de forma mais frequente, intensa e/ou permanente.

 

Crioterapia

A Crioterapia é um procedimento realizado através da inserção de agulhas na zona do períneo, por onde passa um gás a temperaturas muito baixas. Este composto tem como função congelar o tecido doente, levando à sua destruição. É reservada apenas em casos muito específicos de tumores localizados da próstata.

Quanto aos efeitos secundários, pode ocorrer presença de sangue na urina, dor ou edema no local intervencionado ou dificuldades urinárias, sintomas que tendem a desaparecer com o tempo.

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Terapêuticas Sistémicas

O cancro pode ainda ser controlado através de tratamentos sistémicos, em casos de tumores mais avançados. Estes tratamentos podem consistir na administração de medicamentos por via parentérica (isto é, através de injecções) ou por via oral. Estes procedimentos dividem-se em vários tipos, entre os quais:

  • Hormonoterapia – para reduzir os níveis de androgénios, as hormonas masculinas responsáveis pela multiplicação celular, resultando em inibição do crescimento das células tumorias e morte das mesmas;
  • Quimioterapia – para destruir as células doentes ou impedir que cresçam ou se multipliquem através da administração de medicamentos citostáticos;
  • Imunoterapia – para “fortalecer as defesas” do organismo, estimulando o sistema imunitário, de forma a combater o tumor.

Este tipo de terapias pode trazer algumas consequências, como diminuição da líbido, disfunção eréctil, ganho de peso, perda da massa muscular, fadiga, alterações ósseas, alterações do humor, náuseas, diarreia e perda de cabelo (no caso da Quimioterapia). Na maior parte dos casos, estas queixas diminuem ou desaparecem, se e quando é possível suspender o tratamento.

 

Escolher o Tratamento em função das características do Tumor

Como vimos, existem vários tratamentos para o Cancro da Próstata. Mas como saber qual escolher?

A opção certa depende de vários factores, entre os quais:

  • Estadiamento da doença;
  • Estado de saúde e existência de outros problemas;
  • Preferências e expectativas;
  • Tolerância aos efeitos secundários.

O factor mais relevantes na escolha do tratamento diz respeito ao estadiamento do tumor. Cada estádio apresenta uma maior ou menor probabilidade de cura, pelo que existem procedimentos mais eficazes e adequados para cada um deles. Além do mais, em certas situações, podem ser combinados vários métodos, com o intuito de melhorar os resultados.

 

Vejamos quais os tratamentos mais indicados para cada fase da doença.

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Para Tumores localizados na Próstata

Nestes casos em que o tumor se encontra circunscrito à próstata, nem sempre é necessário um tratamento. Quando o tumor cresce de forma lenta e não  causa qualquer impacto sobre a qualidade de vida dos pacientes, estes podem permanecer em vigilância activa, vigiando os sintomas e realizando exames regulares para monitorização do quadro clínico. Esta opção é reservada para tumores de características específicas, muito pouco agressivos e, geralmente, em homens de idades mais avançadas.

Nos casos em que é necessário tratamento neste estádio, o objectivo do mesmo é a cura do tumor, eliminando-o. Para isso, pode ser utilizada a Braquiterapia, a Radioterapia Externa ou a Cirurgia (numa das suas várias abordagens). A Crioterapia é reservada apenas para casos muito especiais e seleccionados de tumores da próstata (ou em tumores recidivados).

 

Para Tumores localmente avançados

Nos casos em que o cancro já invadiu tecidos e órgãos adjacentes à próstata, o maior objectivo do tratamento é retardar o seu crescimento e propagação, evitando que se dissemine. Em alguns destes casos, pode tentar-se uma terapêutica curativa, mesmos com tumores localmente agressivos (muitas vezes utilizando terapêuticas adjuvantes, ou seja, utilizando mais de uma terapêutica). 

Nestas situações, os procedimentos mais eficazes são a Cirurgia (em especial a aberta), a Radioterapia Externa, a Hormonoterapia e a Quimioterapia, sendo possível combiná-los (por exemplo, Radioterapia com Hormonoterapia).

 

Para Metástases

Quando o Adenocarcinoma já se disseminou para outras regiões do corpo, o tratamento tem um intuito paliativo, isto é, de controlo da doença, de redução dos sintomas e de melhoria da qualidade de vida, na medida do possível, uma vez que a cura já é difícil de conseguir.

Nesta fase, pode ser utilizada uma combinação entre várias técnicas para controlar as metástases, por exemplo ósseas, como:

  • Cirurgia;
  • Radioterapia Externa;
  • Hormonoterapia;
  • Imunoterapia;
  • Quimioterapia.

 

Informe-se sobre as probabilidades de cura

Já vimos que os casos de tumor da próstata devem ser tratados em função da fase de evolução em que se encontram. Saiba que as taxas de sobrevivência do Adenocarcinoma na Próstata, a 5 anos, atingem:

  • Quase 100%, para tumores localizados ou localmente avançados;
  • Cerca de 30%, para tumores que dispersaram para outras zonas do corpo.

Além disso, estas probabilidades também variam consoante a idade e a existência de outras patologias e condições.

Deve saber que cada caso é um caso e que os prognósticos são muito individualizados, pelo que deve discutir as suas probabilidades com o médico, pois serão importantes na forma como irá encarar a doença.

No que respeita ao tipo de tratamento, nos cancros em fases iniciais todos apresentam níveis de eficácia semelhantes. Os tratamentos diferem no risco de efeitos secundários que podem causar e muitas vezes é o risco de sofrer destes efeitos que ajuda a determinar o tratamento a realizar.

 

Peça uma segunda opinião médica e esclareça o seu quadro clínico

Mesmo que já tenha o diagnóstico, pode querer procurar outras opiniões. Isso ajuda a enriquecer e esclarecer o seu quadro clínico, agregando novas informações que podem revelar-se úteis na definição da sua estratégia de tratamento.

Neste momento, certifique-se que conhece as suas opções de tratamento e questione acerca de como as taxas de sucesso, os riscos e consequências que podem advir dos vários procedimentos se podem aplicar na sua situação específica.

No Instituto da Próstata dispomos dos mais avançados e eficazes meios de diagnóstico, assim como de tratamento. No nosso centro, poderá esclarecer o diagnóstico de Adenocarcinoma na Próstata ao pedir uma segunda opinião médica e assim avançar com confiança para as etapas que irá enfrentar.

Dr. José Santos Dias

Director Clínico do Instituto da Próstata

  • Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
  • Especialista em Urologia
  • Fellow do European Board of Urology
  • Autor dos livros "Tudo o que sempre quis saber Sobre Próstata", "Urologia fundamental na Prática Clínica", "Urologia em 10 minutos","Casos Clínicos de Urologia" e "Protocolos de Urgência em Urologia"

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