Sofrer de perdas involuntárias de urina é uma condição com impacto muito negativo na qualidade de vida, pela vergonha que provoca e pelas adaptações a que obriga. Por isso, a procura por tratamentos eficientes e, de preferência, definitivos, é essencial. Realizar uma cirurgia para a Incontinência Urinária pode ser a solução certa.
Contudo, por envolver procedimentos cirúrgicos, é normal que existam dúvidas e receios. Para os combater, é fundamental conhecer todas as informações sobre este tipo de tratamento.
Neste artigo, vamos explicar tudo sobre o assunto: o que é a cirurgia para a Incontinência, que tipos de cirurgia existem, em que situações é utilizada, como é realizada e quais os seus resultados. Assim, se sofre desta condição ou se sabe já que precisa de tratamento, é possível avaliar com maior clareza se este método pode ser uma opção.
Para que serve a Cirurgia para a Incontinência Urinária?
Todos os casos de Incontinência se caracterizam pelos episódios de perdas sem controlo de urina pela uretra. Ainda assim, cada um apresenta as suas próprias particularidades, em especial quanto à intensidade das perdas, ao volume de urina perdido e às causas do problema.
Esta diversidade permite dividir a Incontinência Urinária em vários tipos, que podem ser tratados de diversas formas – medidas comportamentais e de “educação” da bexiga, terapêutica médica com fármacos ou substâncias injectáveis ou técnicas de Reabilitação Pélvica.
Outra das opções diz respeito aos métodos cirúrgicos. Regra geral, estes são utilizados nos casos de Incontinência de esforço ou de stress, embora possam ser úteis numa grande variedade de outras situações. Nestes quadros, as perdas surgem após um esforço abdominal. O problema tem origem na perda de força dos músculos pélvicos e na laxidão de ligamentos, tendões, etc., que sustentam as estruturas urinárias e da possível consequente alteração da posição da uretra.
Ao contrário dos restantes métodos, que são repetidos ao longo do tempo, o tratamento cirúrgico é executado de uma vez só. Por isso, os casos indicados para realizar uma cirurgia para a Incontinência Urinária são os que beneficiam de um método mais definitivo e/ou aqueles em que:
- As outras técnicas falharam;
- O uso de outros métodos é inviável para o quadro em questão (por exemplo, a toma de fármacos);
- Os efeitos das outras terapêuticas foram insuficientes.
Que tipos de Cirurgias para a Incontinência Urinária existem?
O tratamento cirúrgico para as perdas de urina divide-se em vários métodos específicos, cada um deles indicado para casos diferentes. A escolha depende de diversos factores, como por exemplo:
- Causa do problema;
- Idade do paciente;
- Intensidade dos sintomas e volume das perdas;
- Gravidade das perdas de urina;
- Histórico médico.
Vamos conhecer quais são e quais os respectivos objectivos.
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Bulking Agents
Este método consiste na colocação de substâncias sintéticas (os Bulking Agents) perto da uretra. O seu papel é diminuir o calibre deste canal, auxiliando o esfíncter urinário a resistir às pressões que uma bexiga cheia provoca e a cumprir a sua função de suster a urina até a pessoa poder esvaziar a bexiga.
Esta é uma técnica muito usada em casos de Incontinência de esforço/stress de grau ligeiro, em que o volume de urina perdido é reduzido.
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Microbalões
O tratamento com Microbalões é uma alternativa ao método anterior, raramente utilizada actualmente. Neste caso, implementam-se balões de tamanho reduzido, preenchidos com uma espécie de hidrogel, perto da uretra. O objectivo é o mesmo que o dos Bulking Agents: comprimir este canal e assim complementar a acção do esfíncter na continência urinária, reduzindo as perdas de urina.
Este é também um procedimento utilizado para a Incontinência de esforço/stress ligeira.
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Fitas Sub-uretrais
As Fitas (ou Slings) são uma espécie de alça que, passando por baixo da uretra, têm como função sustentá-la e comprimi-la. Como consequência, ajudam os músculos pélvicos e o esfíncter urinário a assegurarem a continência.
Deste modo, é um procedimento muito útil nos casos em que, por falta de sustentação destes músculos, a uretra se mobiliza no sentido descendente, dificultando a continência.
Estas Fitas podem variar:
- No material – podem ser de tecido humano, animal ou sintéticas;
- No formato – podem ser finas ou espessas e alongadas ou curtas;
- Na forma como são colocadas – podem ser dispostas nas estruturas anatómicas de fora para dentro (técnica out-in) ou de dentro para fora (técnica in-out);
- Na possibilidade de ajuste pós-operatório - algumas permitem um ajuste, uma calibragem, após a cirurgia, por exemplo insuflando um componente do dispositivo, variando o grau de compressão da uretra (em função da intensidade, das necessidades e volume das perdas de cada pessoa, de forma individualizada).
Este é o método padrão para realizar uma cirurgia para a Incontinência Urinária Feminina. Todavia, também pode ser efectuado nos homens. A principal diferença é que, para o homem, as Fitas mais frequentemente utilizadas são ajustáveis/insufláveis, permitindo a adaptação do grau de compressão sobre a uretra.
Em ambos os casos, esta técnica é efectuada nos casos de Incontinência de esforço/stress de grau moderado ou grave.
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Esfíncter Urinário Artificial
O método do Esfíncter Urinário Artificial consiste na colocação cirúrgica de um dispositivo que pretende substituir o esfíncter natural, quando este é incapaz de segurar a urina de forma conveniente e nas ocasiões necessárias. Tal dispositivo é composto por vários elementos:
- Uma bomba que o paciente activa de forma manual;
- Uma espécie de “braçadeira” insuflável com líquido, que envolve e comprime a uretra (designado por “cuff”);
- Um reservatório colocado no abdómen, para onde é dirigido o líquido do cuff uretral, quando a pessoa está a urinar.
Este sistema permite que o paciente controle o processo de eliminação da urina: ao activá-lo, o líquido existente no interior do cuff/braçadeira sai deste elemento, a uretra abre e a urina sai. Aos poucos, o mesmo líquido volta a encher a braçadeira e a encerrar a uretra. Isto impede que a saída de urina ocorra fora dos momentos previstos.
Regra geral, este procedimento é utilizado:
- Na Incontinência de esforço que resulta de alterações da capacidade do esfíncter urinário;
- Nos quadros moderados ou graves;
- Nas perdas de urina contínuas e/ou de volume elevado.
No entanto, dado que depende do controlo do paciente, é contra-indicado quando existem alterações cognitivas ou motoras.
Como é realizada cada Cirurgia para a Incontinência Urinária?
A maioria das técnicas de cirurgia para tratar a Incontinência Urinária são realizadas de forma pouco invasiva. Por essa razão, são seguras e o risco de complicações é baixo. Além do mais, são efectuadas de forma rápida e sob anestesia, garantindo o conforto dos pacientes.
Vamos ver como cada método é realizado.
Injecção dos Bulking Agents
Este método de tratamento pode ser efectuado com recurso a raquianestesia, anestesia geral ou sedação.
Controlado por via endoscópica, consiste na injecção, através de agulhas especiais (especificamente concebidas para esta técnica), dos produtos seleccionados. Esta injecção é realizada de forma directa, sob visão, nas paredes na uretra.
Inserção dos Microbalões
Sendo um método semelhante à técnica anterior, a cirurgia com Microbalões é realizada nas mesmas condições:
- Sob anestesia (geral ou raquianestesia);
- Com controlo endoscópico.
Neste caso, procede-se à inserção endoscópica dos Microbalões na zona planeada, perto da uretra. Como referimos, é pouco utilizada actualmente.
Colocação das Fitas/Slings Sub-uretrais
Esta cirurgia é realizada sob anestesia geral ou raquianestesia. O processo pode variar em alguns aspectos, caso seja realizado em homens ou mulheres. Conheça os passos principais:
- Coloca-se um catéter na bexiga para garantir que está vazia;
- Realiza-se uma pequena incisão na parede anterior da vagina (nas mulheres) ou no períneo (nos homens);
- Posiciona-se a fita por baixo da uretra, com uma extremidade de cada lado;
- Conecta-se a fita aos tecidos do corpo, acima do osso púbico (no caso das fitas retropúbicas) ou na zona das virilhas (no caso das fitas transobturadoras).
Cirurgia para a Incontinência Urinária - Técnica Out-In
Nos homens, é possível colocar fitas de quatro braços/extremidades. Além disso, caso sejam usadas fitas ajustáveis, é ainda necessário colocar um dispositivo próprio responsável pelo ajuste.
Introdução do Esfíncter Urinário Artificial
A cirurgia de Incontinência Urinária para colocar o Esfíncter Urinário Artificial é, geralmente, realizada sob anestesia geral. Tal como nos métodos anteriores, exige a introdução de um catéter na bexiga para assegurar o seu esvaziamento.
Depois, o processo desenrola-se da seguinte forma:
- Realização de incisão no períneo para colocação da braçadeira em redor da uretra;
- Realização eventual de uma segunda incisão na zona inferior do abdómen para colocar o reservatório;
- Posicionamento da bomba no escroto (nos homens) ou nos lábios vaginais (nas mulheres) e ligação aos outros dois elementos.
Após este procedimento é necessário passar por um processo de cicatrização dos tecidos. Só depois da sua conclusão se procede à activação do sistema, geralmente pelo menos 1 mês após a cirurgia.
O que esperar após realizar uma Cirurgia para a Incontinência Urinária?
Após um tratamento cirúrgico pouco invasivo para as perdas de urina, os pacientes recebem alta médica no próprio dia ou no dia seguinte, depois de urinarem sem problemas.
É normal que, nos primeiros dias, se notem alguns sintomas passageiros, como desconforto pélvico ou até ao urinar. Ainda assim, a recuperação após a cirurgia é rápida.
De qualquer forma, para evitar complicações é importante que se sigam algumas medidas, como por exemplo:
- Evitar esforços nas primeiras semanas;
- Ingerir alimentos ricos em fibras para prevenir a obstipação (pode prejudicar a zona intervencionada);
- Evitar ter relações sexuais pelo tempo recomendado pelo médico;
- Lavar a região genital com produtos adequados;
- Dispensar actividades que impactem o períneo (como andar de bicicleta).
Quais os resultados após uma Cirurgia para a Incontinência Urinária?
Os resultados após realizar uma cirurgia para a Incontinência Urinária são, muitas vezes, quase imediatos e definitivos. Isto significa que, na grande maioria dos casos, as queixas desaparecem ou reduzem de forma significativa após a sua realização, sem necessidade de repetição.
A única excepção está na injecção de Bulking Agentes – neste caso, pode ser necessário repetir o procedimento de tempos a tempos para manter o efeito.
Porém, esta eficiência depende da indicação correcta para realização do tratamento adequado, a cada caso específico.
Como saber qual o tipo certo de Cirurgia para a Incontinência Urinária para o seu caso?
Dado que, como vimos, a escolha da cirurgia a realizar depende de vários factores - como a causa do problema, o volume de perdas, a idade, entre outros -, é preciso passar por um processo de avaliação para definir a melhor estratégia para cada situação. Este inclui:
- Estudo do quadro clínico e das queixas sentidas;
- Exame físico;
- Análises ao sangue e urina;
- Exames complementares.
Mais: mesmo que seja pouco invasivo e seguro, este tratamento ainda exige uma cirurgia. Por isso, é essencial pesar os prós e contras da sua realização para cada caso específico, bem como avaliar as possibilidades de sucesso.
No Instituto da Próstata praticamos os melhores e mais recentes métodos de diagnóstico e avaliação para estudar o seu caso. A nossa equipa é ainda experiente na realização das diferentes técnicas de tratamento, permitindo que acabe o desconforto das perdas de urina, melhorando significativamente a qualidade de vida.
Conte com a nossa ajuda para saber qual o tipo certo de cirurgia para a Incontinência Urinária e para a realizar de forma segura e eficiente. Desta forma, poderá recuperar a sua qualidade de vida.