Tumor da Bexiga: saiba o que é, quais os sintomas e como pode ser tratado

A possibilidade de desenvolver um Tumor da Bexiga pode ser assustadora – primeiro, pelo risco de vida que pode representar e, depois, por este ser um órgão de extrema importância para o normal funcionamento do organismo.

Assim, se surgirem sintomas de que a bexiga pode ter algum problema e receia este diagnóstico de Cancro, é importante que saiba o que fazer e conheça os meios de diagnóstico e tratamento.

Para ajudar, neste artigo vamos explicar-lhe tudo sobre o Tumor na Bexiga, incluindo o que é, como se manifesta, como se diagnostica e como pode ser tratado.

 

O que é o Tumor da Bexiga?

Desenvolver um Tumor na Bexiga significa que algumas células deste órgão sofreram alterações no seu ADN, levando-as a comportarem-se de forma diferente das restantes. Além de se renovarem e multiplicarem com maior rapidez, não morrem como o esperado, conduzindo à sua acumulação e à formação da lesão tumoral.

Estas lesões podem ser benignas, embora na bexiga, ao contrário de outros orgãos, este facto raramente se verifique. Nestes casos, ainda que possam manifestar-se, mantêm-se no local onde se desenvolveram, sem invadir outros tecidos da bexiga, zonas próximas ou distantes.

Mais frequentemente, surge um Tumor maligno. Estes, ao contrário dos benignos, podem comportar-se e evoluir de várias formas, podendo ser definidos como:

  • Superficiais – quando se mantêm nas camadas superficiais, mais internas, da bexiga;
  • Profundos ou invasivos – quando invadem a parede ou outras zonas da bexiga, incluindo a sua camada muscular (detrusor).

Em fases mais avançadas, podem ainda infiltrar-se em órgãos próximos, gânglios linfáticos ou até metastizar, ou seja, espalharem-se para zonas mais distantes.

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Quais os tipos de Tumores da Bexiga mais comuns?

Além de os Tumores na Bexiga poderem evoluir de várias formas, também podem ter origem em diversas células.

O mais frequente, responsável pela grande maioria dos casos de Cancro da Bexiga, é conhecido como Carcinoma Urotelial ou das células de transição e forma-se no epitélio de transição, a camada mais superficial da parede da bexiga.

Existem mais tipos celulares, que surgem com menor frequência, como:

  • Carcinoma das células escamosas;
  • Adenocarcinoma;
  • Cancro das pequenas células;
  • Sarcomas. 

 

O que está na origem dos Tumores Malignos na Bexiga?

As causas para o desenvolvimento de células doentes são desconhecidas, mas existem alguns factores que aumentam o risco de formar um Tumor da Bexiga. São eles:

  • Hábitos tabágicos – o mais importante;
  • Exposição a certos produtos químicos e tóxicos – como aminas aromatizadas, determinadas tintas, carvão ou arsénio;
  • Idade – quanto mais avançada, maior o risco;
  • Género – os homens são mais propensos à doença;
  • História pessoal ou familiar da doença – em especial em pais ou irmãos;
  • Toma de certos medicamentos ou suplementos – por exemplo, suplementos dietéticos com ácido aristolóquico;
  • Infecções urinárias crónicas – por cateterizações prolongadas, por exemplo;
  • Alterações genéticas – que afectam a bexiga;
  • Realização prévia de certos procedimentos médicos – como Radioterapia ou Quimioterapia;
  • Raça/etnia – indivíduos caucasianos (de pele clara/branca e, na sua maioria, com origem na Europa) apresentam maior risco;
  • Ingestão insuficiente de água – por reduzida produção de urina e consequente permanência prolongada de eventuais produtos químicos na bexiga.

É importante que saiba que, apesar de estes factores aumentarem a probabilidade de desenvolver esta patologia, a existência de um ou vários não significa necessariamente que irá sofrer da mesma durante a sua vida.

 

Sintomas que podem sugerir Cancro na Bexiga

Em certos casos, os sintomas podem ser inexistentes, em especial numa fase muito inicial da doença. Porém, à medida que as células doentes se multiplicam, podem surgir algumas queixas.

A mais comum é a presença de sangue na urina, detectável a olho nu ou apenas com análise microscópica, por exemplo durante análises de rotina. Nos casos em que é visível, pode revelar-se com maior ou menor intensidade.

Outras queixas podem surgir, relacionadas com a função urinária e expulsão de urina. Estas são conhecidas como queixas ou sintomas miccionais. São elas:

  • Aumento da frequência miccional;
  • Urgência para urinar;
  • Incontinência associada à urgência miccional;
  • Ardor ou dor miccional;
  • Dificuldade para urinar.

Nos casos em que o Cancro se encontra em fases avançadas ou metastizadas podem ser notados outros sintomas, entre os quais:

  • Incapacidade de urinar;
  • Perda de peso;
  • Dor na zona inferior das costas ou noutras zonas ósseas;
  • Perda de apetite;
  • Fraqueza geral;
  • Cansaço;
  • Inchaço nas pernas/pés.

É importante que perceba que estes sintomas podem aparecer por outras razões, diferentes dos casos de Tumor na Bexiga. Por exemplo, condições como infecções urinárias, presença de cálculos (pedras) urinários ou patologias da próstata, no caso dos homens, podem provocar queixas semelhantes. Ou seja: sentir algumas delas, ou mesmo todas, nem sempre significa Cancro. 

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O Diagnóstico em casos de suspeita de Cancro na Bexiga

Imaginemos que reconhece alguns dos factores de risco ou sente sintomas suscetíveis de um Tumor. Uma vez que nem uma nem outra situação são provas irrefutáveis de que sofre desta doença, é fundamental esclarecer o quadro clínico. Só assim é possível confirmar ou afastar a possibilidade desta patologia e definir o melhor tratamento, se necessário. Como?

Através de um diagnóstico completo e rigoroso, que começa pela análise da história clínica e dos sintomas sentidos. Depois, em casos suspeitos, segue-se a realização de análises à urina. Nessas situações, também costumam ser pedidos exames complementares para visualizar a bexiga e outras zonas do corpo e detectar a presença de massa tumoral. 

Os mais habituais são:

  • Citologia urinária;
  • Ecografia da bexiga;
  • TAC abdominal, torácica ou pélvica;
  • Cistoscopia (o mais importante e conclusivo/definitivo).

Além de permitirem detectar a presença de Tumor, alguns destes exames possibilitam ainda, em casos positivos, fazer o seu estadiamento, avaliando informações como a sua localização e tamanho e definindo se é superficial ou invasivo.

De forma geral, o estadiamento do Tumor da Bexiga é realizado com base na classificação TNM, que descreve o tamanho do Tumor (numa escala de Ta a T4), a disseminação para gânglios linfáticos (numa escala de N0 a N3) e a presença ou ausência de metástases (numa escala de M0 a M1).

 

O Tumor da Bexiga pode ter Tratamento

Hoje em dia é possível eliminar por completo os Tumores na Bexiga, em especial quando estes se encontram em fases iniciais ou localizadas. Nos casos em que a doença já se encontra mais avançada, é possível, ainda assim, tentar retirar completamente o tumor ou, quando tal não é possível, controlar o seu crescimento e melhorar os sintomas sentidos. As duas situações exigem intervenções diferentes, o que significa que o tratamento depende do estadiamento e designação do Tumor – superficial ou profundo/invasivo.

De modo geral, são usadas técnicas pouco invasivas para tratar o Tumor da Bexiga, complementadas com a realização de terapias medicamentosas.

 

Para Tumores superficiais

Nestes quadros clínicos, o tratamento começa pela realização de uma Cirurgia Endoscópica, conhecida como Ressecção Trans-uretral Vesical. Este procedimento dura entre 15 a 90 minutos e é efectuado com recurso a anestesia geral ou raquidiana. Durante o processo, insere-se um endoscópio, um aparelho muito fino pela uretra até à bexiga.

O objectivo desta Cirurgia Endoscópica é, primeiro, remover a massa tumoral visível (com energia clássica ou com laser) e, depois, enviá-la para análise anatomopatológica, a fim de investigar as suas características e defini-la com maior precisão.

Por dispensar incisões e por requerer, no final, a “fulguração” do tecido onde se encontrava o Tumor para promover a coagulação do sangue, os riscos desta cirurgia são geralmente reduzidos.

Cirurgia Endoscopica Tumor Bexiga 5

Este tratamento é geralmente complementado com terapias intra-vesicais, em que são aplicados de forma directa na bexiga produtos medicamentosos que ajudam a eliminar a doença. Estas terapias são conhecidas como:

  • Quimioterapia – administra-se um agente quimioterápico, como a Mitomicina C, que actua sobre o Tumor;
  • Imunoterapia – usa-se geralmente um bacilo atenuado, o BCG, que estimula o sistema imunitário a eliminar o Tumor.

Ambas as terapêuticas são realizadas de acordo com protocolos próprios em sessões semanais ou eventualmente mensais (numa fase posterior) por períodos de tempo variáveis consoante o caso.

 

Para Tumores profundos e avançados

Quando o Tumor já invadiu outras camadas da bexiga, como o seu músculo, ou invadiu zonas adjacentes, recorre-se a uma cirurgia mais radical, designada por Cistectomia Radical, em que se remove totalmente a bexiga. Esta pode ser efectuada por cirurgia aberta ou por  Cirurgia Laparoscópica, em que, através de pequenas incisões no abdómen por onde passam instrumentos especiais, se remove a bexiga.

Isto é: procede-se à remoção total da bexiga para remover também o Tumor. Nos casos em que o Tumor é invasivo, removem-se também orgãos e estruturas adjacentes, como vesículas seminais e próstata, no caso dos homens, e útero e parte da vagina, no caso das mulheres, além dos gânglios linfáticos próximos ao local.

 

Mais: nestes casos em que se remove totalmente a bexiga, é preciso encontrar estratégias para continuar a assegurar o armazenamento e a eliminação da urina para o exterior (parte da cirurgia designada por derivação urinária). Seguem algumas possibilidades:

  • Derivação continente - com um segmento de intestino delgado e, por vezes com o apêndice, cria-se um reservatório para a urina sob a pele, que pode ser esvaziado com um catéter;
  • Derivação incontinente – também com um segmento de intestino, forma-se um estoma, ao qual é ligado um saco de armazenamento de urina que é esvaziado quando necessário;
  • Criação de bexiga "artificial" (neobexiga) – também a partir do intestino, com funcionamento semelhante à bexiga natural. Quando é possível ser efectuada, esta é a técnica que menos interfere com a auto-imagem dos doentes.

Nestes casos, em complementaridade com a cirurgia, também é muitas vezes usada Quimioterapia (ou eventualmente Imunoterapia), mas, desta vez, por via sistémica, para eliminar ou reduzir a doença. Quando este já se encontra muito disseminado, estas técnicas podem ser realizadas com intuitos paliativos, para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

 

A vida após o Tratamento

Já sabemos que a taxa de sobrevivência de um Tumor da Bexiga é tanto maior quanto mais localizada e superficial for a doença. Os tratamentos podem trazer alguns efeitos secundários e complicações, em especial se forem removidas estruturas importantes durante os mesmos. Nos homens, por exemplo, podem ocorrer problemas de ejaculação e/ou erecção, enquanto que as mulheres podem sentir desconforto nas relações sexuais e dificuldades a atingir o orgasmo.

Além do mais, estes Cancros podem recidivar com muita frequência. É por isso que deve ser mantido um acompanhamento regular após os tratamentos, realizando-se cistoscopia (endoscopia da bexiga) com elevada periodicidade em fases iniciais e com maior espaçamento entre exames ao longo do tempo. Durante o seguimento podem ser feitos outros exames para se avaliarem possíveis sinais de recidiva (como ecografias, TC - tomografia computorizada e análises como citologia urinária e outras análises de urina e sangue).

Ainda que seja difícil evitar que estes tumores se desenvolvam, deve apostar-se em medidas de prevenção, como actuar sobre os factores de risco que se podem controlar – deixar de fumar, evitar a exposição a produtos químicos ou ingerir água na quantidade suficiente são alguns exemplos.

 

Esclareça o seu quadro clínico. Pelo bem da sua Saúde

Chegando ao fim deste artigo, possui já muitas informações importantes sobre o Cancro na Bexiga, mas só há uma forma de conhecer ao certo o seu estado de saúde e perceber se existe mesmo um problema com este órgão: pedir ajuda profissional e submeter-se a uma avaliação completa.

Lembre-se que, se surgir um problema deste foro, quanto mais cedo agir, melhores são as suas probabilidades de cura.

No Instituto da Próstata contamos com os meios de diagnóstico mais inovadores e eficazes para avaliar a sua situação e ainda realizamos os tratamentos mais eficientes para estes quadros. Marque uma consulta de diagnóstico para saber se existe Tumor da Bexiga e tire as suas dúvidas. A sua saúde irá agradecer. 

Dr. José Santos Dias

Director Clínico do Instituto da Próstata

  • Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
  • Especialista em Urologia
  • Fellow do European Board of Urology
  • Autor dos livros "Tudo o que sempre quis saber Sobre Próstata", "Urologia fundamental na Prática Clínica", "Urologia em 10 minutos","Casos Clínicos de Urologia" e "Protocolos de Urgência em Urologia"

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