Tudo o que precisa de saber sobre a Braquiterapia: o que é, fases e efeitos

O Cancro da Próstata é uma patologia receada por muitos homens. A boa notícia é que hoje existem muitas opções terapêuticas à disposição – uma das mais eficazes e inovadoras é o tratamento de Braquiterapia.

Esta é cada vez mais uma solução de primeira linha, que, para os casos em que está indicada, pode conseguir eliminar o tumor, restabelecer um bom estado de saúde e fazer com que deixe para trás a lembrança do Cancro.

Se sofre de Cancro da Próstata, ou pensa que pode vir a receber este diagnóstico, chegou ao sítio certo: neste artigo partilhamos todos os dados importantes sobre este procedimento para que se mantenha o mais informado possível.

 

O que é a Braquiterapia?

Também conhecida como Braquiterapia Intersticial, este é um tratamento pouco invasivo que visa eliminar Tumores malignos na próstata utilizando uma fonte de radiação que destrói as células doentes.

Neste caso, esta radiação é libertada a partir do interior do próprio corpo, através de sementes/implantes radioactivos de tamanho reduzido inseridos dentro da glândula prostática, em contacto próximo com o Tumor. Assim, o efeito é preciso e localizado, afectando apenas a região onde as sementes são colocadas, sem afetar outros orgãos adjacentes.

 

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A dose de radiação libertada pode ser variável, assim como o tempo que os implantes permanecem dentro do corpo. Na grande maioria dos casos de Cancro da Próstata, utiliza-se uma radiação de baixa dosagem, com implantes permanentes. O que é que isto significa?

Significa que a radiação vai sendo libertada ao longo do tempo, reduzindo progressivamente a sua intensidade, até ficar mais fraca e os implantes se tornarem inactivos, ao fim de alguns meses. Assim sendo, todo o processo pode realizar-se apenas numa sessão, onde se procede à colocação destes dispositivos.

Quanto ao número de sementes radioactivas a usar, depende do volume da próstata, da dimensão tumoral – de forma geral, quanto maior forem estas duas, mais implantes serão necessários - da atividade das sementes e de outros fatores. A definição do número e posição exata dos implantes é feita em conjunto por um físico e um radioterapeuta, elementos da equipa multidisciplinar que realiza estes tratamentos (além do urologista, do anestesista, enfermeiros de bloco, entre outros).

 

Em que situações a Braquiterapia é indicada?

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Os casos de Cancro da Próstata evoluem de diversas maneiras e apresentam diferentes estádios: podem estar localizados apenas na glândula, invadir zonas adjacentes ou até metastizar, isto é, espalharem-se para outras regiões do corpo.

Por actuar de forma localizada e precisa, a Braquiterapia é indicada para Cancros também localizados e de baixo risco, ou seja, que se mantêm confinados à próstata e que não disseminaram para tecidos próximos ou distantes. Nestes casos, a sua acção é suficiente para eliminar a doença.

Para quadros mais avançados e com risco intermédio/elevado de disseminação, também pode ser utilizada, desde que em complementaridade com outras técnicas, como a Radioterapia Externa ou Hormonoterapia. Nestas situações, o objectivo é potenciar os resultados alcançados.

É normal que, nestes casos de Cancro, a próstata esteja um pouco aumentada. Regra geral, a Braquiterapia só costuma ser realizada em glândulas até determinado volume, pois dimensões elevadas podem dificultar a colocação dos implantes nas posições certas e acompanhar-se de sintomas urinários significativos após a realização do tratamento. Se a próstata é volumosa, pode ponderar efectuar-se um tratamento hormonal prévio para reduzir as dimensões do orgão e, assim, permitir a realização da braquiterapia.

Existem ainda outros casos que podem contraindicar a terapêutica:

  • Presença de sintomas urinários muito marcados (podem agravar);
  • Cancros metastizados;
  • Realização recente de cirurgias à próstata;
  • Doenças intestinais, como colite ulcerosa ou Doença de Crohn;
  • Estados de saúde debilitados.

 

A Braquiterapia em 3 etapas fundamentais

A colocação dos implantes radiactivos na próstata é efectuada numa única sessão. O tratamento no seu todo pode ser repartido por várias etapas, que incluem a preparação, o procedimento e a recuperação.

Vamos conhecer cada uma delas.

 

1. Antes do Tratamento

É nesta fase inicial que serão realizados os tratamentos hormonais para reduzir o volume da próstata que viabilizam o processo, nos casos em que são necessários.

Também podem ser discutidas as opções de anestesia, que passam pela anestesia geral ou a raquianestesia, bloqueando a sensibilidade da parte inferior do corpo. Qualquer das hipóteses permite ao paciente permanecer confortável e sem dor durante o tratamento.

Nesta etapa, o médico também irá explicar quais os cuidados de preparação que pode ter de cumprir. Dado que se trata de um procedimento pouco invasivo, as recomendações necessárias são geralmente reduzidas, mas pode ser aconselhado a manter-se bem hidratado, a evitar alimentos que criem obstipação ou aumentem a produção fecal e a realizar uma limpeza intestinal prévia.

 

2. Durante o Tratamento

A administração desta terapia é planeada ao pormenor, com a ajuda dos dados obtidos na biópsia do tumor, no exame objectivo e nos dados provenientes dos exames de imagem complementares, como a ecografia, a Tomografia Computorizada ou a Ressonância Magnética Nuclear.

Todo o processo é controlado em tempo real por sistemas computorizados e softwares avançados, para garantir um nível de precisão elevado, quanto à posição dos implantes. Além disso, envolve, como referido, uma equipa multidisciplinar, composta por um radioterapeuta, um urologista, um anestesista e um físico.

Este é um tratamento de execução relativamente rápida, durando cerca de 1-2 horas. No entanto, esta duração pode variar consoante o tamanho da próstata a tratar – quanto maior for, mais sementes são necessárias, o que requer mais tempo de intervenção.

O procedimento da Braquiterapia ocorre da seguinte forma:

  • É administrada a anestesia;
  • Um cateter é inserido pela uretra para facilitar a drenagem da urina;
  • O paciente é colocado de barriga para cima, com as pernas erguidas e afastadas;
  • Insere-se uma sonda no recto, que é ligada a um monitor para visualização e controlo de todo o processo;
  • Com um instrumento próprio colocado na zona do períneo, e após desinfecção do local, inserem-se agulhas muito finas na pele;
  • Orientadas pela sonda, as agulhas são direcionadas para toda a próstata e, nomeadamente, para a zona do tumor em específico;
  • Através das agulhas, são colocados os implantes nas regiões planeadas (regra geral, entre 40 e 60 sementes);
  • Removem-se as agulhas e a sonda e coloca-se uma compressa na região intervencionada para reduzir o possível sangramento ou inchaço.

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3. Depois do Tratamento

Quando o efeito da anestesia desaparece, alguns homens podem sentir-se um pouco sonolentos ou enjoados. Quanto ao possível desconforto ou dor, tende a ser reduzido.

O tempo de internamento é curto, podendo regressar a casa no próprio dia ou no seguinte e retomar as actividades habituais após alguns dias. Isto é possível por duas razões: primeiro, porque o tempo de anestesia é reduzido, e depois porque tem poucos riscos associados, já que é uma técnica pouco invasiva.

Antes da alta, será retirado o cateter e ser-lhe-ão recomendados alguns cuidados simples, que podem incluir:

  • Evitar esforços físicos intensos nos primeiros dias;
  • Dispensar actividades que pressionem a zona intervencionada;
  • Manter-se hidratado;
  • Evitar as relações sexuais ou usar preservativo durante as mesmas;
  • Tomar a medicação prescrita.

Se a possibilidade de expor as pessoas à sua volta à radiação o preocupa, saiba que a próstata tende a absorvê-la na sua maioria, evitando que se disperse. Além do mais, como é de baixa dosagem, os riscos são reduzidos.

Ainda assim, há precauções que pode cumprir para garantir a segurança. Pode, por exemplo, evitar estar perto de crianças ou mulheres grávidas nas primeiras semanas, quando a radiação é mais forte. Se for impossível, deverá reduzir a duração destes encontros e manter uma distância de segurança (1-2 metros) de crianças e grávidas.

 

Possíveis efeitos após a Braquiterapia

 

Como a radiação, com esta técnica, é libertada de forma localizada, é possível proteger tecidos e estruturas próximas e saudáveis, evitando provocar-lhes danos. É por isso que a Braquiterapia é indicada como um dos tratamentos com menos efeitos secundários.

Porém, ainda podem surgir algumas consequências, nos primeiros dias após o procedimento, assim que a radiação começa a fazer o efeito esperado. Estas são mais frequentes e acentuadas em casos com um número elevado de implantes colocados, quando a técnica é combinada com outros tratamentos ou se já existirem problemas prévios.

Algumas das queixas mais comuns são:

  • Ardor ou dor ao urinar;
  • Aumento da frequência das micções;
  • Jacto urinário fino ou fraco;
  • Hematoma ou dor na zona do períneo;
  • Sangramento rectal;
  • Sangue na urina ou no local intervencionado;
  • Cansaço (raro);
  • Alterações intestinais (raras).

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Alguns dos efeitos mais temidos dos tratamentos do cancro da próstata são a Incontinência Urinária e a Disfunção Eréctil, que podem ocorrer após outros métodos de tratamento. Com a Braquiterapia, embora também possam surgir, são muito menos frequentes.

Lembre-se que cada caso é um caso, pelo que pode sentir todos estes efeitos, apenas alguns ou até nenhum deles. Contudo, saiba que, quando aparecem, costumam diminuir progressivamente à medida que a radiação vai enfraquecendo.

Só deve preocupar-se e pedir ajuda médica se persistirem por demasiado tempo. O mesmo acontece se os mesmos se agravarem e provocarem sintomas que sugerem infecção, como febre, incapacidade de urinar por completo ou até sangramento urinário intenso ou com coágulos.

 

A Braquiterapia e os bons resultados na eliminação do Cancro da Próstata

O facto de as sementes radioactivas ficarem posicionadas na próstata faz com que seja possível concentrar a radiação na zona do Tumor, sem que se disperse. Por este motivo, alguns dados revelam que a Braquiterapia proporciona bons resultados na destruição definitiva da neoplasia maligna da próstata, permitindo melhorar a qualidade de vida.

Todavia, estes resultados podem ser difíceis de observar de imediato - vão sendo alcançados à medida que os implantes vão libertando radiação, pelo que terá de aguardar pelo fim do seu tempo de actuação para os notar.

É por isso que o acompanhamento regular após o procedimento é importante. Os exames que irá realizar nestas sessões, como a análise ao PSA, Toque Rectal ou outros testes complementares, permitirão averiguar a evolução do seu estado clínico e o sucesso do tratamento.

Após a primeira consulta, realizada cerca de um mês depois da intervenção, estas avaliações costumam ter um intervalo de 3/3, 4/4 e depois 6/6 meses nos primeiros anos. Após o 5º ano, podem passar a ter periodicidade anual.

 

Trate o Cancro da Próstata com a ajuda de profissionais habilitados

Por esta altura já sabe o quanto a Braquiterapia pode ser vantajosa, o que implica e como é administrada, mas, para que alcance o seu máximo de eficácia, é fundamental que seja planeada e realizada por médicos experientes na técnica.

Mais: sendo especialistas, conseguirão analisar se este pode ser um tratamento eficaz para o seu caso em específico.

Portanto, se pensar submeter-se a este tipo de tratamento, o Instituto da Próstata pode ser o lugar certo para o fazer – contamos com uma equipa de profissionais especializados em Cancro da Próstata e treinados para a administração das respectivas medidas de tratamento. É por isso que somos responsáveis por inúmeros casos de sucesso.

Estamos ainda disponíveis para responder às suas dúvidas sobre Braquiterapia, de forma a que faça escolhas acertadas para proteger a sua vida.

Dr. José Santos Dias

Director Clínico do Instituto da Próstata

  • Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
  • Especialista em Urologia
  • Fellow do European Board of Urology
  • Autor dos livros "Tudo o que sempre quis saber Sobre Próstata", "Urologia fundamental na Prática Clínica", "Urologia em 10 minutos","Casos Clínicos de Urologia" e "Protocolos de Urgência em Urologia"

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