Qualquer cirurgia provoca uma melhoria significativa das queixas urinárias que os doentes apresentam, melhorando significativamente a qualidade de vida dos mesmos. Os doentes devem passar a urinar com um jacto mais forte, menos frequentemente (quer de dia, quer de noite), com redução das queixas como o gotejo, o esvaziamento incompleto, a dor supra-púbica, a imperiosidade (“urgência”) para urinar ou a incontinência associada . Além disso, provocam uma melhoria objectiva no fluxo urinário, medido através da urofluxometria (ver “Urofluxometria”).
A cirurgia aberta parece ter resultados ligeiramente superiores às técnicas endoscópicas, em relação à percentagem de melhoria das queixas de LUTS e ao fluxo máximo medido na urofluxometria (175% vs 80-115%).
Em alguns casos é necessária uma nova intervenção. Esta necessidade de reintervir é de cerca de 1-2% ao ano, após a cirurgia, sendo ligeiramente superior nas técnicas endoscópicas. Não sendo uma cirurgia isenta de riscos, a taxa de mortalidade é muito baixa, sendo, no conjunto das várias técnicas e cirurgias, inferior a 0,25%.
Além dos riscos e complicações comuns a qualquer outra cirurgia (riscos anestésicos, risco de hemorragia, risco de infecção, por exemplo), existem complicações e riscos específicos deste tipo de intervenção, que é necessário que os doentes conheçam, nomeadamente:
Hemorragia – apenas 2-5% dos doentes submetidos a ressecção endoscópica da próstata necessitam de transfusão sanguínea. A cirurgia aberta apresenta uma taxa de transfusão ligeiramente superior.
Perfuração da “cápsula” da próstata (aquando de cirurgias endoscópicas) – muito rara; pode implicar a interrupção da cirurgia e eventual conversão para via aberta, para correcção dessa lesão; trata-se no entanto, de uma complicação muitíssimo rara.
Síndrome pós RTU (hipo-osmótico) – por absorção de líquidos durante a cirurgia; com os novos solutos de irrigação, como o sorbitol, é uma complicação rara e facilmente tratável com soros e medicamentos;
Incontinência – um dos riscos mais temidos das cirurgias da próstata; é uma complicação relativamente frequente após cirurgia por cancro da próstata (e mesmo assim tratável e reversível), mas, após uma cirurgia por aumento benigno da próstata, as taxas de incontinência urinária de esforço são muito baixas (de cerca de 3% após uma RTU-P, sendo ligeiramente superiores para a cirurgia aberta)
Estenoses da uretra e da loca prostática/colo vesical – uma das complicações mais aborrecidas e frequentes após uma cirurgia (qualquer cirurgia) da próstata. A cicatrização “interna” da uretra e da zona onde é retirada a próstata, leva à formação de uma zona de fibrose, rígida, pouco distensível e pouco elástica (uma zona de cicatriz, rígida); o doente apresenta queixas de LUTS em tudo semelhantes às que apresentava antes da cirurgia; assim, percebe estas queixas como traduzindo uma recidiva do problema da próstata ou uma ineficácia da cirurgia, o que não é verdade. As queixas são semelhantes porque se trata de uma obstrução, uma dificuldade ao esvaziamento da bexiga, mas a causa é diferente – não porque o volume da próstata continua elevado, mas pela presença da referida estenose. O risco de surgir uma destas estenoses é de cerca de 4% após uma RTU-P e ligeiramente inferior, no caso de cirurgia aberta.
Ejaculação retrógrada – esta é uma consequência quase universal das cirurgia prostáticas, quer abertas quer endoscópicas (embora alguns doentes conservem a ejaculação normal). Surge em consequência da destruição – necessária, imprescindível – durante a cirurgia, pelo que não se trata propriamente de uma complicação, mas sim de uma consequência das cirurgias).
Disfunção eréctil – a percentagem real de doentes com Disfunção Eréctil (DE) após a realização de uma cirurgia para o tratamento da HBP é muito controversa e polémica. Em muitos doentes, ocorre uma melhoria significativa da função eréctil após a cirurgia, pelo alívio das queixas urinárias, pela descongestão do pavimento pélvico consequente à cirurgia, etc. Alguns doentes apresentam já problemas de erecção prévios, antes da cirurgia, podendo, após a cirurgia e o período necessário à recuperação da mesma, ocorrer um agravamento dessas queixas, que o doente vai inevitavelmente atribuir à cirurgia. Finalmente, em alguns doentes (cerca de 5%), ocorre um agravamento da função eréctil, mas estes resultados são semelhantes aos encontrados em grupos de controle, de doentes não operados, pelo que possivelmente o factor idade contribui tanto ou mais que a cirurgia para o desenvolvimento de DE – não esquecer que os doentes habitualmente operados a HBP têm idades avançadas, geralmente acima dos 55-60 anos, em que a frequência de problemas de erecção é igualmente elevada.