A bexiga hiperactiva é um dos problemas urológicos mais frequentes, que afeta tanto homens como mulheres e pode estar relacionada com a incontinência urinária.
Ainda que não represente risco de vida, não deve ser desvalorizada porque afeta, significamente, a qualidade de vida das pessoas.
Neste artigo, vamos dar-lhe a conhecer mais sobre esta condição, para que possa identificar eventuais sintomas e consiga ultrapassá-la, contribuindo para a sua resolução.
Em que consiste a Bexiga Hiperactiva e como se manifesta?
Numa situação normal, quando a bexiga enche são enviados sinais nervosos para o cérebro, responsáveis por criar a necessidade de urinar.
Para iniciar a micção há duas forças que atuam em conjunto:
- Relaxamento do pavimento pélvico e do esfíncter;
- Contracção do músculo da bexiga (detrusor) para expelir a urina.
Perante um quadro de bexiga hiperactiva, os músculos contraem de forma involuntária e espontânea, criando pressões elevadas no interior do órgão e a consequente necessidade de urinar - mesmo quando a bexiga não está cheia.
A ocorrência deste fenómeno provoca alguma sintomatologia recorrente, nomeadamente:
- Vontade repentina, urgente e inadiável de urinar;
- Urinar várias vezes de noite (noctúria);
- Aumento da frequência miccional (urinar mais de 8 vezes por dia, segundo os especialistas).
Algumas pessoas que sofrem de hiperactividade da bexiga conseguem reter a urina tempo suficiente para chegar à casa de banho e esvaziar a bexiga. Quando isso não acontece, resulta em quadros de incontinência urinária (a pessoa acaba por perder urina nos momentos em que sente vontade súbita de urinar).
Origem do problema
Nem sempre é possível descobrir a causa que está na génese destes quadros clínicos.
Contudo, existem algumas condições que parecem contribuir para a hiperactividade da bexiga, aumentando o risco, entre as quais:
- Infecções urinárias recorrentes;
- Distúrbios neurológicos, nomeadamente esclerose múltipla ou AVC;
- Alterações na bexiga (“pedras” ou tumores, por exemplo);
- Alterações hormonais decorrentes da menopausa, no caso das mulheres;
- Diabetes.
Impacto na qualidade de vida
Se sofre deste problema, não é caso único. Todos os pacientes sentem queixas semelhantes e que limitam sobremaneira o seu bem-estar.
Primeiro, experimentam sentimentos de ansiedade perante a possibilidade de não encontrarem uma casa de banho a tempo, levando a que evitem sair de casa.
Na mesma medida, afecta a vida social e sexual. Os pacientes sentem necessidade de esconder o problema por vergonha e são perturbados durante o sono, quando interrompem o descanso para urinar.
A vida profissional também pode ser impactada negativamente, já que a necessidade frequente de urinar pode levar a várias interrupções das funções laborais.
Mitos e Factos sobre a Bexiga Hiperactiva
1. Não é uma consequência inevitável do envelhecimento
Envelhecer não significa perder obrigatoriamente a capacidade de reter a urina, embora seja mais comum em idades avançadas. Até a dormir, idealmente, o funcionamento do aparelho urinário deve assegurar essa capacidade.
Não encare a situação com resignação. Procure especialistas e inicie o tratamento.
2. Não é causada por nenhum esforço ou lesão do esfíncter
Existem outros tipos de incontinência, sendo que uma delas ocorre em consequência de um esforço físico, mas não é o caso da bexiga hiperactiva.
Quanto ao esfíncter, mesmo que não sofra alterações na sua capacidade, a pressão que é exercida pelos músculos da bexiga excede a sua força/capacidade, levando a uma vontade urgente de urinar.
3. Não é irremediável
Se tem uma bexiga hiperactiva saiba que existe tratamento. Na verdade, tanto para os homens como para as mulheres, o prognóstico é muito encorajador.
O que fazer para controlar e tratar o problema da bexiga hiperativa?
As opções são variadas.
Primeiro, podem ser recomendadas algumas mudanças comportamentais, tais como:
- Evitar a cafeína, álcool e refrigerantes;
- Manter um peso saudável;
- Controlar doenças crónicas como a diabetes;
- Definir horários para urinar para “treinar” a bexiga;
- Ingerir líquidos na quantidade recomendada - em excesso pode agravar o problema, em falta causa a concentração da urina que provoca irritação do revestimento da bexiga;
- Evitar alimentos picantes ou ácidos, entre outros.
O tratamento medicamentoso com fármacos que ajudam a corrigir a contracção anormal da bexiga também é uma opção recorrente.
É possível ainda promover a reabilitação pélvica para estimular a capacidade adequada de contracção e relaxamento, recorrendo a exercícios - como os de Kegel - que fortalecem os músculos, e a técnicas de eletroestimulação e biofeedback, que ajudam a aprender a controlar os músculos.
Em alguns casos, o problema pode ser resolvido com a administração de toxina botulínica (vulgarmente conhecida por “Botox”) na bexiga ou, em casos mais graves ou resistentes ao tratamento, com a colocação de um neuro-estimulador (uma espécie de pace-maker da bexiga).
Para cada situação existe uma solução adequada, que pode até passar pela combinação de várias medidas terapêuticas.
Dê o primeiro passo para uma vida livre de constrangimentos
Realizar um diagnóstico adequado é o que vai permitir confirmar a presença de uma bexiga hiperativa, avaliar o problema e, por fim, delinear um plano de tratamento.
Geralmente, consiste na análise da história clínica, exame físico – toque rectal nos homens e exame ginecológico nas mulheres – e a realização de testes complementares.
Se os sintomas perturbam a sua vida, não adie mais a ida ao médico. Esclareça as suas dúvidas com os especialistas do Instituto da Próstata. É o primeiro passo para uma vida mais confortável e livre de perdas de urina.