Incontinência Urinária Feminina: que tipos existem, como se manifestam e qual o tratamento para cada um deles?

Viver com perdas de urina é difícil para todas as mulheres que experimentam estes episódios. Este é um problema com um forte impacto na autoestima e na qualidade de vida e que muda até a forma como as mulheres se encaram a si próprias. Por esta razão, é importante saber como tratar a Incontinência Urinária Feminina.

Mas, para isso, é preciso também entender melhor esta condição, sabendo em que consiste, como se manifesta, quais os vários tipos de Incontinência existentes e o que os origina.

Neste artigo reunimos todas estas informações para que saiba tudo sobre o problema e conheça as suas opções.

 

O que é a Incontinência Urinária Feminina?

A Incontinência Urinária Feminina caracteriza-se pela perda de urina através da uretra, de forma involuntária.

Em alguns casos, estes episódios ocorrem de forma ocasional e transitória. Nestas situações, o problema deve-se a infecções urinárias, uso de certos produtos farmacológicos (como diuréticos), obstipação, consumo elevado de álcool ou cafeína, entre outras causas.

Para a maioria das mulheres que começam a notar estas perdas, no entanto, o problema repete-se de forma frequente. Nestes casos, a condição é geralmente causada por uma alteração nos mecanismos de controle da expulsão de urina e nas estruturas responsáveis pelo mesmo (bexiga, músculos pélvicos e esfíncter urinário).

A consequência destas alterações conduz à incapacidade de controlar a altura da libertação de urina, resultando na sua perda.

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A intensidade destes episódios varia de mulher para mulher: enquanto algumas sofrem de perdas intensas, de grande volume de urina, outras deixam escapar apenas uma pequena quantidade de urina.

Além do mais, algumas apresentam maior probabilidade de desenvolver este problema que outras. Alguns dos factores que aumentam o risco de incontinência são:

  • Idade avançada;
  • Maior número de partos vaginais;
  • Maior número de gravidezes;
  • Défice de estrogénios;
  • Excesso de peso;
  • Realização prévia de cirurgias pélvicas;
  • Diabetes;
  • Perda de capacidades cognitivas;
  • Mudanças nas estruturas da zona pélvica (conhecida como pavimento pélvico).

 

Tipos de Incontinência Urinária nas mulheres – como se manifestam e quais as causas?

Já vimos que os quadros de perda de urina nas mulheres são diferentes de caso para caso, na sua evolução, frequência e intensidade.

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Mas, além disso, também existem vários tipos de Incontinência Urinária Feminina, que se diferenciam na forma como as perdas ocorrem, nos estímulos que as provocam e nas causas que as originam. Os mais comuns são a Incontinência de esforço, de urgência ou mista.

Incontinência de Esforço

Esta é a Incontinência mais comum nas mulheres. As perdas de urina ocorrem devido a um esforço físico que exerce pressão na zona pélvica e, por consequência, na zona da bexiga e uretra.

Em certos casos, é preciso um esforço mais ou menos intenso para que estas perdas aconteçam, como a realização de exercício físico vigoroso ou levantamento de pesos. Noutros, esforços de baixa intensidade são suficientes, como rir, tossir, espirrar, andar, dançar ou até mudar de posição.

Quando isto acontece significa que os músculos, ligamentos, fascias e tendões da zona pélvica se encontram enfraquecidos e deixam de conseguir contrair e relaxar como o normal.  Este enfraquecimento pode resultar de lesões pélvicas ou até do próprio envelhecimento.

A perda de firmeza destas estruturas também pode levar a uma maior mobilidade da uretra com o esforço físico, fazendo com que deixe de conter a urina nessas ocasiões.

Por fim, este tipo de Incontinência também pode ser associado a deficiências do esfíncter urinário, tornando-o incapaz de encerrar a uretra como o esperado, até a mulher estar pronta para urinar.

 

Incontinência de Urgência

Este é o segundo tipo de Incontinência mais comum. Surge na sequência de uma vontade súbita e urgente de urinar.

Nestes casos, a bexiga contrai de forma anormal e involuntária, dando origem a um quadro conhecido como Bexiga Hiperactiva. O resultado é o surgimento desta necessidade de urinar, mesmo quando a bexiga ainda tem pouca urina, fazendo com que quem sofre do problema nem sequer tenha tempo de chegar à casa de banho.

É frequente que sinta esta vontade após certos estímulos, como lavar as mãos, ao chegar a casa e colocar a chave na porta, ao ouvir água a correr, entre outros.

A razão para que esta alteração do funcionamento da bexiga ocorra nem sempre é fácil de entender. Todavia, existem algumas situações que parecem contribuir para a hiperactividade da bexiga, como por exemplo:

  • Doenças neurológicas como Parkinson, Alzheimer, Esclerose Múltipla ou Acidente Vascular Cerebral;
  • Diabetes;
  • Infecções urinárias;
  • Tumores na bexiga;
  • Pedras na bexiga.

 

Incontinência Mista

Este tipo de Incontinência Urinária Feminina é uma associação entre os dois anteriores, que conjuga os sintomas de ambos. Ou seja: as perdas de urina surgem associadas a um esforço físico e/ou a uma vontade urgente de urinar.

No entanto, é normal existir uma predominância de um dos tipos e sua sintomatologia.

 

É possível eliminar a Incontinência Urinária nas mulheres?

As perdas de urina provocam mais do que incómodos físicos: são a causa de muitos constrangimentos e podem limitar a vida das mulheres. Estas passam muitas vezes a condicionar a sua vida em função do problema, o que acaba por interferir com a sua esfera pessoal e social.

É por isto que é importante saber que é possível resolver estas situações. Existem várias opções para tratar a Incontinência Urinária Feminina, entre as quais:

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  • Fármacos;
  • Reabilitação Pélvica;
  • Procedimentos cirúrgicos (pouco invasivos).

A escolha do tratamento mais adequado depende da preferência e estado de saúde da paciente e das queixas sentidas. Contudo, o tipo de Incontinência Urinária é o factor mais decisivo. Assim, caracterizá-lo vai aumentar as probabilidades de sucesso.

Mas como é que pode saber qual o tipo de Incontinência que apresenta? A resposta é: através de um correcto diagnóstico.

Este é um processo simples, que passa por diversas fases:

  • Avaliação dos sintomas sentidos, para conhecer o contexto em que ocorrem as perdas de urina e com que intensidade/regularidade;
  • Exame físico e ginecológico, para descartar outras condições;
  • Exames auxiliares, como análises ao sangue e urina, Urofluxometria, Ecografia, Estudo Urodinâmico Completo e Cistoscopia, para complementar o quadro clínico.

 

Tratamentos para cada tipo de Incontinência Urinária Feminina

Como já referimos, para cada tipo de Incontinência Urinária existe um ou vários tratamentos indicados. De modo geral, todos eles apresentam bons resultados, com efeitos duradouros, desde que sejam bem indicados. Mesmo que seja difícil eliminar por completo as perdas de urina, é possível, pelo menos, reduzir marcadamente a sua incidência.

Perceber quais são estes tratamentos e, mais importante, em que contexto são utilizados, será uma grande ajuda para quem sofre deste problema.

 

Para a Incontinência Urinária de Esforço

Sabendo que este tipo de perdas de urina pode resultar do enfraquecimento dos músculos pélvicos, é possível usar a Reabilitação Pélvica para tratar a Incontinência Urinária Feminina.

Tratamento Reabilitacao Pelvica

O objectivo é tornar os músculos e outras estruturas pélvicas mais “fortes”, restituindo a sua capacidade de suporte e os mecanismos normais de contracção e relaxamento. A melhoria vai sendo conquistada ao longo do tempo, com a repetição das intervenções.

Podem ser usadas as seguintes opções:

  • Fisioterapia – administrada por profissionais da área, utiliza movimentos e técnicas de massagem para manipular os músculos da região, exercitando-os;
  • Exercícios de Kegel - envolve o processo consciente de contracção e descontracção dos músculos pélvicos, durante alguns segundos em várias sessões, para melhorar o processo de continência urinária;
  • Biofeedback – com dispositivos próprios na vagina e nas zonas perineal e abdominal, os movimentos de contracção dos músculos é sinalizado, ajudando a paciente a identificar qual o movimento certo;
  • Electroestimulação – os músculos pélvicos são estimulados com pequenos choques eléctricos.

Na Incontinência de esforço podem ainda ser utilizadas técnicas cirúrgicas pouco invasivas, cujo objectivo é assegurar que o esfíncter urinário cumpre a sua função de conter a urina até esta poder ser libertada, quando desejável pela mulher.

Estas cirurgias podem ser realizadas por via endoscópica ou aberta e exigem a administração de anestesia local, geral ou raquidiana. Todas elas são seguras, rápidas de realizar e permitem um internamento reduzido. Quanto aos resultados, costumam ser imediatos.

Estes são alguns dos métodos utilizados:

  • Bulking Agents – para perdas ligeiras/reduzidas, injecta-se um produto nos tecidos da uretra o que permite ajudar a encerrar a mesma;
  • Slings/Fitas sub-uretrais – para perdas moderadas ou graves, coloca-se uma “fita” por baixo da uretra para a sustentar e/ou comprimir;
  • Esfíncter urinário artificial – também para casos moderados ou graves, é introduzido um dispositivo em redor da uretra para a comprimir. Este pode ser activado quando a paciente quer urinar, abrindo a uretra, e desactivado depois, para assegurar a contenção de urina.

Ver Cirurgias pouco invasivas para a Incontinência Urinária Feminina 

 

Para a Incontinência Urinária de Urgência

Nos casos em que as perdas de urina ocorrem graças ao descontrolo do movimento de contracção da bexiga, o objectivo é restituir o seu normal funcionamento quanto à expulsão de urina.

A principal estratégia terapêutica passa pela administração oral ou intra-vesical de medicamentos para relaxar a bexiga. Mais frequentemente são  utilizados produtos da classe dos Beta-3 Agonistas ou dos Anti-muscarínicos em comprimidos ou cápsulas.

Caso estas opções sejam pouco eficazes ou comecem a deixar de fazer o efeito pretendido, podem ser utilizadas outras estratégias, como a administração ou colocação de:

  • Toxina Botulínica (Botox) em administração intra-vesical – para obter o “relaxamento” da parede da bexiga;
  • Neuromodeladores – para corrigir os movimentos de contracção descontrolada da bexiga.

Para que os resultados se mantenham, estes tratamentos têm de ser contínuos, prolongando-se, por vezes, para toda a vida.

Ver Terapêutica Médica para a Incontinência Urinária Feminina

 

Para a Incontinência Urinária Mista

A estratégia de tratamento para este tipo de Incontinência é escolhida com base nos sintomas mais intensos.

Se a paciente sente mais perdas de urina após esforço físico, utilizam-se geralmente, como abordagem inicial, medidas para a Incontinência de esforço. Por outro lado, se estes episódios surgem mais frequentemente em consequência da vontade urgente de urinar, usam-se inicialmente estratégias da Incontinência de urgência. Muitas vezes, é necessário associar medidas dos dois tipos, de forma complementar, para obter a eficácia desejada.

Mude os seus hábitos e contribua para o Tratamento da Incontinência Urinária Feminina

Além de todos estes tratamentos, podem ser recomendadas algumas mudanças comportamentais que ajudam a melhorar o funcionamento dos músculos pélvicos, da bexiga e do esfíncter urinário ou a reduzir as perdas de urina.

Estes são alguns exemplos de medidas a seguir:

  • Perder peso (quando necessário),  combatendo a obesidade;
  • Seguir uma dieta equilibrada, para prevenir a obstipação;
  • Controlar o número de idas à casa de banho e o intervalo entre elas, para “treinar” a bexiga, condicionando-a;
  • Ingerir a quantidade de líquidos recomendada, para evitar produzir urina em excesso;
  • Evitar alimentos picantes ou ácidos, álcool e café, para prevenir a “irritação” da bexiga;
  • Deixar de fumar, para reduzir esforços ao tossir e combater a laxidão das estruturas pélvicas;
  • Realizar exercícios de fortalecimento pélvico de forma autónoma, para melhorar os resultados dos tratamentos.

 

Quer descobrir mais sobre as suas perdas de urina? Informe-se com um médico especializado em Incontinência Urinária Feminina

Mesmo já sabendo muitas informações importantes sobre a Incontinência Urinária nas mulheres, é fundamental pedir ajuda médica. Lembre-se que só após o diagnóstico é possível encontrar o melhor tratamento para si.

No Instituto da Próstata somos experientes na avaliação e terapêutica de pacientes que sofrem de perdas de urina. Conseguimos definir o seu quadro clínico com exactidão, de forma a delinear a estratégia de tratamento mais adequada ao seu caso específico.

Conte com a nossa ajuda para combater a Incontinência Urinária Feminina e recupere uma vida sem limitações.

Dr. José Santos Dias

Director Clínico do Instituto da Próstata

  • Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
  • Especialista em Urologia
  • Fellow do European Board of Urology
  • Autor dos livros "Tudo o que sempre quis saber Sobre Próstata", "Urologia fundamental na Prática Clínica", "Urologia em 10 minutos","Casos Clínicos de Urologia" e "Protocolos de Urgência em Urologia"

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