Para quem enfrenta um tumor na próstata, a notícia de que o tratamento curativo foi eficaz e a doença foi eliminada é a mais esperada. No entanto, mesmo após um tratamento adequado, pode existir uma recidiva do Cancro da Próstata.
Esta possibilidade pode ser assustadora e trazer à tona mais preocupações. A melhor forma para lhes fazer frente é certificar-se que tem informação suficiente sobre o assunto - em especial nos casos em que é mais provável ocorrer uma recidiva - e o que fazer perante esta hipótese.
Neste artigo reunimos todos estes dados, para que saiba como lidar com o reaparecimento do Cancro da Próstata, caso ocorra.
O que é uma recidiva do Cancro na Próstata e o que a pode originar?
Diz-se que um Cancro na Próstata recidivou quando, após um tratamento aparentemente bem-sucedido para o eliminar, o problema reaparece. Isto é: tratam-se de casos em que voltam a ser identificadas células cancerígenas, após um determinado período de tempo em que estas estavam indetectáveis.
Estima-se que o Cancro da Próstata pode recorrer em até 40% dos homens que passaram por um primeiro quadro de tumor. Nestes casos, pensa-se que o problema pode estar relacionado com um dos seguintes cenários:
- O tratamento foi incapaz de atingir todas as células doentes;
- Algumas células resistiram ao tratamento.
Quando isto acontece, estas células doentes continuam a desenvolver-se, acabando por originar, mais tarde, uma recidiva.
É importante que perceba que uma recidiva é diferente de um segundo cancro. No primeiro caso, o tumor tem origem nas mesmas células do órgão onde se desenvolveu da primeira vez, neste caso a próstata. No segundo caso, a massa tumoral surge a partir das células de outro órgão.
Em que casos o reaparecimento do Cancro da Próstata é mais comum?
Segundo algumas evidências, as recidivas são mais comuns quando o primeiro tumor:
- Estava em fase de crescimento avançado, ultrapassando os limites da próstata;
- Era agressivo e indiferenciado;
- Tinha grandes dimensões;
- Crescia de forma rápida.
Nestes casos, é também mais provável o retorno da doença nos primeiros 5 anos após o tratamento.
Já nos tumores mais localizados e de agressividade baixa ou intermédia, a probabilidade de o problema ser tratado de uma forma definitiva aquando do primeiro tratamento é maior, sendo as recidivas menos frequentes.
Ainda assim, é impossível prever se e quando estas recidivas do cancro vão ocorrer.
Que tipos de recidivas de Cancro na Próstata existem?
Quando recorre, o Cancro da Próstata pode manifestar-se em diferentes zonas:
- Na próstata (ou no local onde estava a próstata, se tiver sido removida cirurgicamente) – recidiva local;
- Nas áreas adjacentes ao local anterior do tumor – recidiva regional;
- Em zonas distantes do corpo – recidivas à distância, conhecidas como metástases do Cancro da Próstata.
Quais são os indícios de que pode existir uma recidiva do Cancro na Próstata?
Após um tratamento para o Cancro na Próstata, todos os pacientes devem manter um acompanhamento profissional regular. Durante este processo são realizadas análises ao PSA, uma glicoproteína produzida pela próstata que é um dos melhores indicadores tumorais da actualidade.
Após um tratamento bem-sucedido, os níveis desta glicoproteína tendem a diminuir. Por isso, níveis elevados e crescentes de PSA podem indicar recidiva de Cancro na Próstata, em especial se forem notados por, pelo menos, 3 vezes consecutivas.
Embora o Cancro da Próstata se caracterize por ser, muitas vezes, silencioso, também existem alguns sintomas relacionados com a capacidade urinária que podem indiciar recidivas, como:
- Jacto urinário fino, fraco e/ou intermitente;
- Ardor ao urinar;
- Dificuldade em começar a urinar;
- Vontade súbita e incontrolável de urinar;
- Aumento da frequência da vontade de urinar;
- Sensação de peso abaixo do umbigo;
- Gotejo após urinar;
- Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga.
Outros sinais podem ainda ser notados, como presença de sangue na urina, dores lombares ou incapacidade de urinar. Em casos mais avançados de recidiva, pode ainda existir perda de peso, dores ósseas e/ou fraqueza ou cansaço geral.
Como confirmar se existe uma recidiva do Cancro na Próstata?
Mesmo que o PSA seja um forte indicador de tumor na próstata, existem outras razões para o aumento dos seus níveis, algumas delas inofensivas.
O mesmo ocorre em relação aos sintomas: existem outras condições de saúde que podem provocar a mesma sintomatologia. Por vezes, pode até ser consequência do primeiro tratamento realizado.
Assim sendo, em caso de suspeita de recidiva, é fundamental realizar um diagnóstico mais aprofundado. Ou seja, quando são notadas alterações de PSA ou sintomas como os referidos e o médico entende que podem representar sinais de recidiva, são pedidos mais exames.
Os mais habituais são:
- Ressonância Magnética Pélvica ou da Próstata – para identificar zonas suspeitas;
- PET - Tomografia de Emissão de Positrões; actualmente é geralmente solicitada uma PET-PSMA com TC (“TAC”) simultânea (PET-CT-PSMA);
- TAC – para reunir imagens detalhadas de órgãos, gânglios e averiguar a presença de massas tumorais;
- Cintigrafia óssea – para identificar possíveis metástases ósseas, através de uma substância radioactiva;
- Biópsia Prostática ou do leito prostático – para retirar fragmentos da próstata ou da zona operada, a fim de confirmar a presença de tumor.
Nos casos em que o diagnóstico confirma a presença de recidiva do Cancro na Próstata, estes exames servem ainda para definir a localização e o estadiamento nesse momento, informações essenciais para implementar o tratamento adequado.
Que tratamentos podem ser usados nos casos de recidiva do Cancro na Próstata?
Em grande parte dos casos, os quadros de recidiva podem ser tratados. A hipótese de cura é tanto maior quanto mais localizado e menos agressivo for o tumor. É por isso que é tão importante identificar as recidivas em estados iniciais.
Por outro lado, a probabilidade de eliminar o tumor diminui quando este é mais agressivo e avançado, cresce de forma mais rápida e/ou quando já existem metástases do Cancro da Próstata. Nestes casos, o tratamento tem como principal objectivo controlar a multiplicação das células neoplásicas e reduzir os sintomas.
Existem várias opções de tratamento disponíveis. Por vezes, é possível ou necessário associar dois métodos diferentes.
A escolha do tratamento certo depende das características da recidiva e da agressividade do tumor e também de outros aspectos como:
- Tratamento primário (o tratamento inicial realizado, da primeira vez);
- Preferência do paciente;
- Estado de saúde geral.
Vamos conhecer quais são as opções de tratamento para uma recidiva do Cancro na Próstata e em que casos podem ser usadas.
1. Braquiterapia
Para recidivas localizadas, esta opção apresenta taxas elevadas de eficácia na eliminação da doença.
Implementa sementes radioactivas na próstata de forma muito localizada e rápida, por via perineal, que vão libertando radiação ao longo do tempo e eliminando as células doentes.
Por ser pouco invasiva e agressiva e realizada em poucas horas, numa só sessão, permite alta no próprio dia e uma recuperação rápida.
É possível ser usada após um primeiro tratamento com Radioterapia Externa ou crioterapia, por exemplo.
2. Radioterapia Externa
Este tratamento utiliza feixes de radiação de alta energia, libertados através de um equipamento próprio, para:
- Destruir as recidivas circunscritas à próstata ou que afectam as suas áreas adjacentes;
- Controlar a progressão da doença e sintomas;
- Tratar metástases.
É realizado em várias sessões diárias, que se podem prolongar por várias semanas.
Na maioria dos casos, é uma opção viável após Tratamento cirúrgico, Crioterapia ou Braquiterapia.
3. Cirurgia
Os métodos cirúrgicos para recidivas servem para retirar a próstata (Prostatectomia Radical), a fim de eliminar um tumor localizado ou que afecta áreas próximas.
Existem várias formas de realizar uma Prostatectomia:
- Cirurgia Laparoscópica – técnica pouco invasiva que realiza pequenas incisões na parede abdominal, por onde passam instrumentos para retirar a próstata, bem como uma câmara para visualizar o processo;
- Cirurgia Robótica – variante da anterior, realizada por meio de um robot que imita os movimentos do cirurgião;
- Cirurgia Aberta – técnica mais convencional e invasiva, em que são realizadas incisões maiores no abdómen para retirar a próstata.
Como métodos cirúrgicos que são, estas opções representam um maior risco de complicações. Contudo, as abordagens Laparoscópica e Robótica tornam-nas cada vez mais seguras e rápidas de realizar, permitindo uma recuperação mais rápida.
Este método pode ser usado após Radioterapia Externa, Braquiterapia ou Crioterapia.
4. Crioterapia
A Crioterapia para tratar uma recidiva do Cancro na Próstata utiliza um gás gelado, transportado através de agulhas colocadas na zona do períneo, para congelar e eliminar as células doentes.
É usada em recidivas localizadas na glândula ou que atingem as suas áreas circundantes e, regra geral, em próstatas de pequena/média dimensão.
É uma técnica pouco invasiva e segura, que permite proteger as estruturas internas do congelamento. Isto significa que o risco de complicações é baixo e os pacientes recuperam geralmente em pouco tempo.
Pode ser útil após um primeiro tratamento com Braquiterapia, Radioterapia Externa ou até depois de um processo com o mesmo método.
5. Terapias Sistémicas
Estas terapias são, na maioria dos casos, reservadas a recidivas mais avançadas, em que o objectivo principal é controlar a sua progressão.
Os métodos mais usados são:
- Hormonoterapia – permite diminuir a quantidade de testosterona no corpo, ou bloquear a sua acção, impedindo-a de estimular o crescimento das células doentes;
- Quimioterapia – utiliza substâncias citostáticas com que se pretende matar as células doentes.
No caso da Hormonoterapia, costuma ser usada após uma Prostatectomia (cirurgia), Radioterapia Externa, Braquiterapia ou Crioterapia. Em muitos casos, é até utilizada em simultâneo com outros métodos, como a Radioterapia Externa.
O que pode acontecer após o tratamento para uma recidiva do Cancro na Próstata?
Terminado o tratamento para uma recidiva de tumor prostático, inicia-se um novo período de acompanhamento e vigilância, à semelhança do que acontece após um primeiro tratamento.
Durante estas sessões, que são mais frequentes nos primeiros anos e mais espaçadas com o passar do tempo, são realizados exames objectivos e testes ao PSA. O intuito é averiguar a eficácia do segundo procedimento.
Os efeitos secundários tendem a ser mais acentuados após um novo tratamento. Isto deve-se ao facto de a próstata poder já ter sido retirada ou o orgão e as estruturas adjacentes estarem já debilitadas ou terem sido lesadas, graças aos métodos anteriores. O mesmo acontece quando é usada a mesma terapêutica duas vezes.
Algumas das consequências mais comuns são:
- Disfunção eréctil;
- Incontinência urinária;
- Dor local;
- Infecções urinárias;
- Alterações nos padrões miccionais (relacionados com o acto de urinar);
- Sangue na urina.
Podem ser imediatos, fazendo-se notar logo após o tratamento, ou tardios, ocorrendo ao fim de algumas semanas, meses ou anos depois da intervenção. Na sua maioria, estes efeitos são passageiros, embora possam persistir durante períodos prolongados.
Procura um acompanhamento especializado para casos de suspeita de recidiva do Cancro na Próstata?
Agora já conhece a importância do acompanhamento médico após um primeiro tratamento e o que pode fazer caso suspeite que o Cancro da Próstata voltou: procurar ajuda especializada para um diagnóstico rigoroso.
Este acompanhamento profissional é ainda essencial para perceber qual o melhor tratamento para o seu caso, se for necessário.
No Instituto da Próstata somos especializados em doenças da próstata, como os tumores malignos. Contamos com os melhores métodos de diagnóstico, pelo que conseguimos saber se há uma recidiva do Cancro na Próstata e quais as suas características e gravidade, de modo a determinar qual a melhor estratégia de tratamento a seguir em cada pessoa, de forma específica e personalizada.
Além disso, como sabemos que passar de novo pela doença pode ser frustrante e desesperante, oferecemos o apoio psicológico que precisa para a enfrentar nas melhores condições possíveis.
Se suspeita que o seu cancro voltou, marque uma consulta connosco e receba os melhores cuidados.