O cancro da próstata corresponde ao segundo tumor mais frequente no homem, com uma incidência (taxa de novos casos por ano) de 1.4 milhões de diagnósticos e uma mortalidade de 375.000 doentes por ano.
Mais, os dados indicam-nos que a incidência da doença tem vindo e vai continuar a crescer, muito graças à tendência de aumento da longevidade média masculina e ao facto do cancro da próstata incidir maioritariamente em homens mais velhos (mais de 70% dos casos afetam homens com mais de 65 anos).
Por ser uma doença com uma incidência tão elevada e que tem vindo a crescer ao longo dos anos, é fundamental unir esforços no diagnóstico eficaz da doença.
Os métodos de diagnóstico do cancro da próstata
Desde o início dos anos noventa que as técnicas usadas no diagnóstico de cancro da próstata têm sido, mais ou menos, as mesmas:
- Toque rectal;
- Avaliação seriada do PSA;
- Biópsia transrectal guiada por ecografia.
Além destes, um exame complementar que ocupou um lugar importante no diagnóstico do cancro da próstata é a ressonância magnética multiparamétrica (RMNmp).
A Ressonância Magnética Multiparamétrica (RMNmp)
A RMNmp permite uma melhor selecção dos doentes para biópsia e tem um papel preponderante no estadiamento e tratamento do cancro da próstata.
Por isso, a introdução da ressonância magnética multiparamétrica (RMNmp) permitiu uma melhor visualização das estruturas da próstata e a identificação de áreas suspeitas para podermos efectuar uma biópsia mais precisa e com maior probabilidade de detecção do que apenas usando a ecografia prostática.
A RMNmp (ou mpMRI, como é conhecida na língua inglesa) é capaz de:
- detectar pequenas alterações na próstata, como tumores em fases iniciais, permitindo um diagnóstico precoce da doença;
- determinar a extensão do tumor e sua localização dentro da próstata.
Além disso, a RMNmp tem várias vantagens em relação aos métodos de diagnóstico anteriores, como a ultrassonografia transretal (TRUS) ou a ressonância magnética convencional. Este é um exame de diagnóstico mais preciso na identificação de áreas suspeitas e permite uma orientação mais precisa da agulha de biópsia. Isso significa que a biópsia pode ser realizada com mais precisão, aumentando a probabilidade de detecção de tumores e reduz possíveis erros.
Adicionalmente, em situações duvidosas, pode oferecer mais garantias ao médico no sentido de evitar ou adiar a biópsia prostática quando isso não se justifica. Porquê evitar ou adiar a biópsia prostática? A biópsia prostática é um método de diagnóstico extremamente preciso, que confirma o diagnóstico, mas é também um método mais invasivo do que os referidos anteriormente.
Vamos conhecer melhor este método de diagnóstico.
Em que consiste a biópsia prostática e qual a sua evolução
A abordagem e as técnicas usadas na biópsia prostática têm evoluído significativamente nas últimas décadas no rastreio e diagnóstico de cancro da próstata.
O procedimento da biópsia prostática consiste na obtenção de micro fragmentos de tecido do órgão, que são analisados ao microscópio.
A biópsia prostática permite confirmar histologicamente a presença de cancro (isto é, o diagnóstico de cancro da próstata apenas é válido se forem identificadas células malignas) mas também atribuir-lhe uma classificação.
Essa classificação teve algumas alterações nos últimos anos. A classificação histológica original de cancro da próstata conhecida como “Classificação de Gleason” foi desenvolvida em 1966 por Donald Gleason, um anátomo-patologista, e só mais recentemente, em 2014, esta classificação sofreu alterações com a criação do sistema ISUP (International Society of Urological Pathology Grade Group).
Conheça esta classificação:
Esta classificação, entre outros parâmetros como o toque rectal e o PSA, permite atribuir uma classificação de risco ao cancro da próstata diagnosticado. Neoplasias de baixo risco podem realizar certo tipo de tratamentos que serão menos recomendados em neoplasias de alto risco, e vice-versa.
A biópsia prostática pode ser feita por via:
- transrectal;
- transperineal.
A biópsia por via transrectal é tecnicamente mais fácil, no entanto mais falível e com maior risco de complicações infeciosas. Temos vindo a assistir a uma transição para o método transperineal, tecnicamente mais exigente mas que permite reduzir o risco de infeção e também colher amostras de tecido de zonas inalcançáveis pela via transrectal. A evolução tecnológica permitiu ainda utilizar técnicas de fusão de imagem em tempo real, tornando possível a obtenção de amostras de tecido das zonas suspeitas com maior precisão.
O futuro do diagnóstico de cancro da próstata
No futuro esperamos ser capazes de realizar o diagnóstico de cancro da próstata de forma cada vez menos invasiva, recorrendo a exames de imagem cada vez mais sofisticados. Enquanto esse dia não chegar, o objetivo passa por selecionar melhor os pacientes para biópsia, não deixando neoplasias clinicamente significativas por diagnosticar e evitando ao máximo realizar este procedimento em homens sem doença.