12 Mitos e Verdades sobre Pedras nos Rins

Desenvolver pedras nos rins é uma situação clínica muito frequente e conhecida graças à sintomatologia pouco agradável que provoca. Assim, a partilha de experiências é frequente, o que, por vezes, pode levar à formação de ideias pouco claras ou falsas sobre o assunto.

Tal como acontece com qualquer outra condição de saúde, ter o máximo de informação confiável é um dos maiores segredos para preservar o bem-estar. Ou seja: esclarecer conceitos relacionados com as pedras nos rins irá permitir lidar de forma adequada com o problema, se este se manifestar em alguma altura da vida.

É neste sentido que hoje reunimos alguns mitos e verdades comuns sobre esta doença e clarificamos cada um deles.
 

1. As Pedras nos Rins são raras.

Mito

Este é o primeiro mito da lista. Na verdade, a Litíase Renal – a designação médica para estes quadros clínicos – manifesta-se com frequência, até mesmo na infância. Algumas evidências mostram que as pedras renais (ou cálculos renais) formam-se em cerca de 2 a 3% da população mundial em alguma etapa da vida.

No espectro das patologias urológicas mais prevalentes, é apenas ultrapassada pelas doenças que afectam a próstata e pelos quadros infecciosos do tracto urinário.
 

2. Os Cálculos Renais são todos iguais.

Mito

As aglomerações de cristais presentes na urina responsáveis pela formação de pedras renais diferenciam-se em diversos aspectos.

Em primeiro lugar, podem variar nas suas dimensões – enquanto umas são muito pequenas, do tamanho de grãos de areia, outras podem assumir proporções maiores. As tonalidades também podem ser diferentes, desde uma cor amarelada até ao castanho escuro ou preto. Quanto à superfície, pode ser lisa ou muito irregular, espiculada.

12 Mitos E Verdades Sobre Pedras Nos Rins

Além disso, também a composição das pedras é variável. Os tipos principais são:

  • Cálculos de cálcio (como os de fosfato de cálcio, oxalato de cálcio ou mistos) - correspondem a cerca de 85% dos casos;
  • Cálculos de ácido úrico – de 10 a 15% dos casos;
  • Cálculos de estruvite – até 10% dos casos;
  • Cálculos de cistina – menos de 1% dos casos. 

 

3. As Pedras nos Rins podem provocar dores intensas.

Verdade

Esta é uma verdade que a maioria das pessoas conhece, em especial as que já sofreram com episódios de cólica renal. A dor associada a estes episódios é descrita, muitas vezes, como insuportável.

Regra geral, trata-se de uma sensação que surge nas costas (na região lombar - “nos rins”, ou “nas cruzes”, como muitas vezes se ouve) e que tende a propagar-se pela zona abdominal e inguinal. A sensação de dor chega em ondas, com picos de intensidade elevada seguidos de alívio temporário. Ainda assim, durante a fase dolorosa, não existe posição que a atenue. Mas o que provoca esta dor?

Primeiro, a deslocação da pedra desde os rins, depois através dos ureteres, até à bexiga, podendo os mesmos ficar “impactados”, presos em determinados pontos dos ureteres, ocasionando dilatação do aparelho urinário que está a montante do cálculo  em é o que causa a elevada intensidade da dor. Consoante o tamanho do cálculo, pode ocorrer obstrução total ou parcial, persistente ou intermitente do fluxo de urina, levando a que os ureteres e rins dilatem, provocando a intensa sensação dolorosa.

Pedras Nos Rins Dores Instituto Da Prostata

4. Além da dor, a Cólica Renal pode provocar outros sintomas.

Dependendo do quadro clínico, por exemplo se as pedras se encontrarem na ligação entre o ureter e a bexiga, é habitual que sejam sentidas queixas conhecidas como sintomas de armazenamento, como necessidade urgente para urinar, aumento da frequência das micções e até desconforto ou ardor miccional.

Em determinadas situações, as pedras nos rins podem ainda provocar sangue na urina, vómitos, calafrios, náuseas, febre ou ainda odor desagradável da urina.
 

5. A ausência de sintomas significa ausência de doença.

Mito

Atenção: apesar dos cálculos renais poderem provocar sintomas, como os que já vimos, nem sempre isso acontece. Assim, este é um dos mitos associados a esta temática.

Por vezes, as pedras renais passam despercebidas, em especial se forem de pequenas dimensões e se não interferirem com a passagem de urina pelo aparelho urinário, desde os rins à uretra.
 

6. Os hábitos alimentares e a ingestão de líquidos podem estar na origem do problema.

Verdade

Ambos os factores são encarados como potenciais causas da Litíase Renal ou, pelo menos, contribuem decisivamente para o desenvolvimento do problema.

Quanto à alimentação, pensa-se que os alimentos ricos em sal e proteína, como as carnes vermelhas, aumentem o risco, pois os constituintes presentes nestes alimentos, entre os quais o sódio, podem favorecer a acumulação dos cristais presentes na urina que formam os cálculos.

Também o consumo excessivo de produtos ricos em vitamina C pode levar à mesma situação, já que instiga a produção exagerada de oxalato de cálcio que, como vimos, é um dos componentes principais da formação de pedras renais.

No que refere à ingestão de líquidos, fazê-lo na quantidade recomendada é fundamental para diluir a urina. Isto é importante porque uma urina concentrada impede ou dificulta a dissolução dos cristais, criando um ambiente favorável à sua aglomeração.

Além destas causas, outras parecem estar associadas ao problema, como a toma de certos medicamentos ou suplementos.

Consoante a composição dos cálculos, assim se devem evitar diferentes tipos de alimentos. Os conselhos que acima se indicam são gerais e úteis para todos os tipos de cálculos. No entanto, outras restrições e conselhos dietéticos, mais específicos, são apenas úteis quando se sabe exactamente a composição do cálculo de cada pessoa. Por isso é tão importante que se consiga analisar os cálculos, nos casos em que são expulsos e a pessoa consegue recuperá-los e analisar.
 

7. Os quadros de Pedras nos Rins podem ser tratados.

Verdade

Para quem sofre com as cólicas renais esta é uma boa notícia. Existem vários métodos que têm como objectivo eliminar as pedras nos rins cujas dimensões ou sintomas o justifiquem.

Regra geral, na fase aguda, de cólica renal, o primeiro passo do tratamento está focado no alívio da dor através da administração de analgésicos ou anti-inflamatórios. Caso exista sinal de infecção associada à obstrução, tem de ser realizada uma cirurgia urgente para aliviar a mesma.

Depois, a estratégia passa por eliminar as pedras nos rins e/ou ureter, de forma a que possam ser expulsos de forma natural com a urina. Neste caso, pode ser usada a cirurgia endoscópica (conhecida como ureteroscopia e/ou cirurgia intra-renal retrógrada, dependendo da posição dos cálculos) ou a Litotrícia Extracorporal com Ondas de Choque, que liberta ondas de alta energia para fragmentar os cálculos.

Instituto Da Prostata 12 Mitos E Verdades Sobre Pedras Nos Rins
Nos procedimentos cirúrgicos endoscópicos para cálculos nos ureteres ou nos rins acima descritos utilizam-se aparelhos e instrumentos específicos, como os lasers, que fragmentam a formação litiásica, que é eliminada no final da intervenção..

Nos casos em que as pedras são muito grandes ou em maior número, pode realizar-se um outro tipo de intervenção, conhecida como Nefrolitotomia Percutânea - através da zona lombar, procede-se à punção do rim, ao qual se acede através da pele, identificando-se os cálculos para, de seguida, os fragmentar.

Além destes procedimentos, é possível, em alguns tipos de cálculo, alterar o pH da urina - por exemplo nos casos de cálculos de ácido úrico, alcalinizar a urina - de forma tentar dissolvê-los.

A escolha do método a utilizar depende do quadro clínico do paciente e das características do cálculo renal.
 

8. Todos os Cálculos Renais exigem tratamento.

Mito

Na verdade, alguns podem passar para o exterior de forma natural com a urina ou com a ajuda de medicação, sem necessidade de recorrer a qualquer um dos procedimentos anteriores. É o que acontece, por exemplo, com os cálculos de pequenas dimensões. Mas, para que isto seja possível, é importante manter hábitos de hidratação adequados.

Por outro lado,muitos cálculos, pela sua reduzida dimensão, pela sua composição e/ou pela posição em que se encontram no interior dos rins, não precisam de tratamento activo mas apenas de vigilância e monitorização regular das suas características.

Apesar desta possibilidade de ausência de tratamento, é importante que perceba que, para os casos em que este é necessário, protelar ou dispensar a terapêutica faz aumentar o risco de complicações, como a formação de pus no aparelho urinário ou a obstrução grave do rim, que pode levar à perda da sua função.
 

9. É possível tratar as Pedras nos Rins com chás.

Como método alternativo aos procedimentos anteriores, algumas pessoas utilizam chás para resolver o problema. Um dos mais utilizados é até conhecido como “quebra-piedras”. Mas serão eficazes na eliminação das pedras renais?

O que acontece é que, em determinados casos, estes produtos naturais podem ajudar a prevenir a formação ou o crescimento de cálculos renais, já que apresentam uma quantidade considerável de água na sua composição. Ou seja: pode ser útil para evitar que os mesmos se formem ou para que os já existentes parem de crescer, mais do que para eliminá-los. No entanto, é fundamental perceber-se que, se em alguns casos podem ter alguma acção positiva, noutros são potencialmente prejudiciais. Porquê? Porque não há nenhum produto que “faça bem” a todos os tipos, todas as composições, dos cálculos renais. Por isso é tão importante, em conjunto com o médico, perceber qual é o tipo de cálculo que tem tendência para formar.

Como cada caso é um caso e seguramente nem todos os organismos reagem de forma idêntica a todos os métodos terapêuticos, é fundamental discutir todas as hipóteses com um profissional médico com experiência.
 

10. Após serem tratados, os Cálculos nos Rins podem voltar.

Verdade

A Litíase Renal é uma condição crónica, o que significa que, a partir do momento em que se forma a primeira pedra renal, outras podem desenvolver-se ao longo da vida. Isto acontece mesmo nos casos em que já foram realizados tratamentos para eliminar cálculos prévios.

É por isso que, após a realização de uma determinada terapêutica, é fundamental cumprir uma rotina de acompanhamento regular, que, regra geral, deve incluir exames de imagem de controlo anuais, como a ecografia. Desta forma, é possível ir controlando a sua situação no que respeita a esta doença.
 

11. É possível prevenir a Litíase Renal.

A resposta é: depende! Como já referimos, esta é uma patologia crónica, pelo que nem sempre é possível evitar o seu aparecimento ou recidiva.

No entanto, existem algumas medidas que parecem diminuir o risco de desenvolver pedras nos rins relacionadas com as práticas que podem causar o problema, como por exemplo:

  • Moderar o consumo de alimentos demasiado proteicos e ricos em gordura, como as carnes vermelhas, preferindo as magras;
  • Consumir de forma regular alimentos que inibem a formação dos vários tipos de pedras – batata, óleos vegetais, arroz, mel, bebidas cítricas, entre outros;
  • Diminuir o consumo de sal;
  • Ingerir a quantidade diária de água recomendada – para um adulto, cerca de 2,5 litros ou mais, de forma a produzir, no mínimo, 2 litros de urina por dia.
     

12. Nem sempre é preciso pedir ajuda perante uma suspeita de Cálculo Renal.

Mito

Este é um dos mitos que mais importa esclarecer: se suspeitar da existência de pedras renais ou caso sinta alguma das queixas que enumerámos, deve pedir ajuda médica. Só desta forma é possível confirmar o quadro clínico e defini-lo no que refere ao número de cálculos, composição e tamanho.

Estas informações são relevantes para definir a estratégia terapêutica para as pedras nos rins e as medidas de prevenção a serem adoptadas, se necessárias.

Na fase aguda, é imprescindível a avaliação médica, dado que, além de tudo, outras condições, como infecções urinárias, apendicite, diverticulite, enfarte renal ou oclusão intestinal, podem causar sintomatologia semelhante, pelo que é fundamental esclarecer o quadro clínico.

Deve por isso procurar realizar uma avaliação profissional, com métodos  de avaliação eficazes e especialistas experientes, como os do Instituto da Próstata, que lhe fornecem todas as soluções para a sua situação específica. O resultado será uma vida mais confortável, com menos episódios dolorosos.

Dr. José Santos Dias

Director Clínico do Instituto da Próstata

  • Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
  • Especialista em Urologia
  • Fellow do European Board of Urology
  • Autor dos livros "Tudo o que sempre quis saber Sobre Próstata", "Urologia fundamental na Prática Clínica", "Urologia em 10 minutos","Casos Clínicos de Urologia" e "Protocolos de Urgência em Urologia"

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