11 Perguntas Frequentes sobre Litotrícia Extracorporal

A formação de cálculos renais – ou “pedras nos rins”, como são designados – é um fenómeno conhecido pela dor intensa e sem alívio que pode provocar. Além disso, ocorre com muita frequência.

Assim sendo, encontrar métodos eficazes que permitam aliviar ou resolver o problema é fundamental – é o caso da Litotrícia Extracorporal.

Se já ouviu falar deste procedimento e deseja saber mais ou se tem cálculos renais e procura uma solução, neste artigo vai encontrar respostas para questões frequentes e relevantes.

11 Perguntas Frequentes Sobre Litotricia Extracorporal

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1. O que é a Litotrícia Extracorporal?

A Litotrícia Extracorporal por Ondas de Choque (ou LEOC) é um procedimento que visa eliminar os cálculos presentes nos ureteres ou nos rins, formados a partir de microcristais em excesso presentes na urina.

Em certos casos, quando estas formações são de pequenas dimensões, podem ser expulsas naturalmente durante a micção. Ocasionalmente, os pacientes podem nem chegar a aperceber-se da sua presença ou sentir apenas um ligeiro incómodo com a passagem dos cálculos.

Contudo, quando se aglomeram criam massas maiores, grandes demais para passarem pelo aparelho urinário.

Em algumas destas situações, a LEOC permite quebrá-las em fragmentos mais pequenos, para que possam, mais tarde e progressivamente, sair com a urina, sendo eliminadas do organismo.

Mas como é que isto acontece?

Através de um equipamento específico – o litotritor – que liberta ondas de choque, geradas fora do corpo, directamente para a zona onde se encontra o cálculo, que levam à sua fragmentação.
 

2. Porquê recorrer a este método?

É uma das formas de tratamento que podem evitar que se desenvolvam problemas graves, resultado da formação e/ou deslocação dos cálculos – além da dor muito intensa, podem bloquear o fluxo de urina, provocando infecções ou até alteração da função renal.

Existem outras opções para remover os cálculos, nomeadamente através de Cirurgia Endoscópica – com um aparelho designado por ureterorrenoscópio que permite chegar ao local do cálculo, no interior do ureter ou do rim ou através de uma punção externa deste órgão (e que são cada vez mais utilizadas, porque muito eficazes e pouco invasivas). Contudo, a administração de ondas de choque é feita de forma não invasiva, o que constitui uma vantagem perante os outros procedimentos.

 

3. Quem pode realizar este Tratamento?

Como é um método não invasivo, é indicado para pessoas que não podem ou não querem recorrer a métodos cirúrgicos.

Além do mais, o tamanho e localização do cálculo também são factores relevantes para a sua realização – é usado em “pedras” inferiores a 20mm e cuja visualização é possível através dos equipamentos utilizados para o efeito (Rx e/ou ecografia).

A densidade e composição do cálculo também são importantes, já que alguns fragmentam-se mais facilmente que outros – é o caso de alguns tipos de cálculos de cálcio ou ácido úrico, por exemplo.
 

4. Quais as contra-indicações?

Ainda que, como referimos, alguns casos sejam mais indicados para a realização da Litotrícia Extracorporal, cada situação deve ser analisada individualmente.

Existem situações específicas que inviabilizam a administração deste tratamento. São exemplos:

  • Malformações esqueléticas graves;
  • Distúrbios sérios na capacidade de coagulação;
  • Estenoses (apertos) no ureter;
  • Patologias graves da aorta ou artéria renal ou quadros de aneurisma;
  • Gravidez;
  • Infecção urinária sem tratamento;
  • Obesidade, especialmente na zona abdominal (uma grande distância entre a pele e o cálculo dificulta a actuação das ondas de choque).
     

5.  Qual a taxa de sucesso da Litotrícia Extracorporal?

Para os casos em que é indicado, o tratamento das “pedras nos rins” por ondas de choque apresenta uma grande eficácia – um estudo de 2013 revela uma taxa de sucesso de 74% para cálculos nos rins e de 88% nos ureteres.

Especificamente nos segundos, outros dados demonstraram que a eficácia da Litotrícia parece estar relacionada com o uso de doses adequadas de energia e identificação precisa do cálculo.

Contudo, os cálculos renais podem sempre voltar a formar-se. Saiba que isto não significa que o tratamento falhou – mesmo que a “pedra” seja totalmente eliminada do organismo, a tendência para o reaparecimento dos cálculos continua a existir, tornando provável a recidiva.

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6. Como é a preparação para o Tratamento?

O primeiro passo é sempre realizar um diagnóstico – é através dele que é possível confirmar a presença do cálculo (ou de vários) e obter informações relevantes quanto à sua localização, tamanho e composição.

Estes dados são importantes para planear o processo de tratamento, assim como para tentar descobrir a causa para a formação destas massas e assim implementar as medidas de prevenção possíveis.

Nesta fase, o profissional médico pode realizar:

  • Exame físico;
  • Exames ao sangue e à urina;
  • Testes de imagem – Tomografia Computorizada, ecografias, radiografias, análises ao sangue e urina, entre outros.

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Além disso, é importante informar o médico sobre eventuais patologias, alergias e medicamentos que toma regularmente. Alguns, especialmente os anticoagulantes e antiagregantes, podem prejudicar o procedimento ou aumentar os riscos do mesmo, pelo que pode ter de deixar de os tomar algum tempo antes do mesmo.
 

7. Em que consiste o procedimento?

O processo inicia-se com a administração de uma medicação leve que serve de anestesia. Este passo pode ser dispensável, dependendo da preferência do médico e do paciente.

No entanto, alguns dados demonstram que um anestésico leve pode beneficiar o resultado da Litotrícia, pois o paciente mantém-se imóvel, facilitando a administração das ondas de choque no local certo.

O tratamento pode ainda variar na forma como as ondas de choque são criadas: existem sistemas electro-hidráulicos, electromagnéticos ou piezo-eléctricos.

Geralmente, após a localização computorizada do cálculo, o procedimento desenrola-se da seguinte forma:

  1. Com o paciente sobre a marquesa e posicionado adequadamente de acordo com a localização da “pedra”, é colocada uma espécie de almofada de água entre o corpo e o aparelho;
  2. Aplicam-se as ondas de choque (de várias centenas a milhares), que se propagam através da pele e tecidos até ao cálculo;
  3. Com esta energia, o cálculo sofre microfissuras, que se alargam com a administração progressiva das ondas de choque, até à fragmentação em pedaços suficientemente pequenos.

Em determinados casos pode ser necessário colocar um stent urinário (catéter) no ureter para facilitar a passagem do fluxo de urina e dos cálculos, que será removido mais tarde.

Todo o processo é realizado em ambulatório, demorando entre 30 e 60 minutos.

Se for necessário, o tratamento pode ser repetido, a fim de promover de vez a eliminação das “pedras”, ou combinado com outros métodos.
 

8. O Tratamento é doloroso?

A resposta é negativa. Apesar de poder sentir uma ligeira sensação à medida que as ondas de choque são administradas, lembre-se que, provavelmente, estará sob o efeito de um sedativo leve.

Desta forma, o exame é confortável.
 

9. Existe risco de complicações?

O carácter não invasivo da Litotrícia Extracorporal, que descarta incisões, diminui, por si só, a ocorrência de complicações durante o tratamento, contribuindo para que possa ser efectuado em ambulatório, sem necessidade de internamento.

Ainda assim, como em todos os procedimentos, estas podem ocorrer em certas situações.

Seguem alguns exemplos:

  • Infecção;
  • Obstrução do aparelho urinário;
  • Hemorragia ou hematoma intra renal ou em redor do rim.

No passado, a LEOC foi relacionada com danos nos rins ou em regiões próximas do local intervencionado. Contudo, com o desenvolvimento e melhoria da técnica, estes danos são hoje muito mais raros.

Além disso, determinados factores como hábitos tabágicos, ingestão de bebidas alcoólicas e doenças como diabetes ou obesidade podem aumentar o risco de complicações.
 

10. Quais os efeitos secundários?

A evolução do tratamento melhorou também significativamente os possíveis efeitos colaterais.

  • Todavia, em alguns casos, continua a ser possível sentir/notar:
  • Hematúria (sangue na urina) ligeira a moderada;
  • Dor/desconforto na zona intervencionada;
  • Hematoma no abdómen ou região lombar/dorsal;
  • Dor/desconforto aquando da expulsão dos fragmentos com a urina.

Geralmente, todos estes efeitos tendem a ser ligeiros e transitórios, prologando-se por alguns dias ou semanas.

Ainda assim, certas situações sentidas após a Litotrícia requerem ajuda médica, nomeadamente:

  • Febre ou calafrios;
  • Hematúria prolongada, abundante ou com coágulos;
  • Dor intensa e sem alívio na região lombar ou abdominal;
  • Tonturas;
  • Vómitos ou náuseas;
  • Ardor miccional;
  • Batimento cardíaco acelerado;
  • Incapacidade de urinar ou produção reduzida de urina.

 

11. Como é a recuperação e que recomendações importa seguir?

Comparando com os métodos cirúrgicos de tratamento de cálculos renais, a técnica por ondas de choque permite, geralmente, uma recuperação mais rápida, podendo retomar a actividade habitual dentro de poucos dias após o tratamento ou mesmo, em alguns casos, logo no dia seguinte.

Mas, para isso, é importante que siga algumas recomendações que beneficiam o processo de recuperação, como por exemplo:

  • Nas primeiras 24 horas, não beber álcool nem conduzir e permanecer em repouso;
  • Ingerir a quantidade recomendada de água (geralmente cerca de 2 litros) – isto ajuda na expulsão dos fragmentos e na diluição da urina;
  • Se recomendado, tomar analgésicos para diminuir as possíveis dores ou antibiótico para reduzir o risco de infecção;
  • Filtrar a urina nos dias/semanas seguintes para recolher os fragmentos dos cálculos – o intuito é que sejam analisados para tentar identificar a sua composição e com isso averiguar se existe a possibilidade de realizar prevenção de formação de novos cálculos.

 

Após o procedimento, deve ainda comparecer nas consultas marcadas pelo médico, a fim de monitorizar o seu estado de saúde e confirmar ou não a eliminação total dos cálculos.

Se foi necessário suspender a toma de medicação, poderá retomar a mesma, sempre sob orientação médica.
 

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Avançar para um tratamento médico é sempre uma decisão importante, que deve ser tomada com consciência, pesando os prós e os contras. Para isso, é importante que recorra a ajuda especializada, capaz de lhe fornecer informações fidedignas e adequadas ao seu caso específico.

Mesmo que tenha já conhecimento acerca do tratamento, se desejar obter algum esclarecimento adicional, se pretende saber mais sobre este método ou se deseja saber se pode submeter-se ao mesmo, deve recorrer a médicos como os do Instituto da Próstata.

Além de um diagnóstico rigoroso, conseguirão planear a melhor estratégia de tratamento, com base nos seus dados, e implementá-la de forma adequada, com vista a alcançar os melhores resultados para a sua saúde.

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Dr. José Santos Dias

Director Clínico do Instituto da Próstata

  • Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
  • Especialista em Urologia
  • Fellow do European Board of Urology
  • Autor dos livros "Tudo o que sempre quis saber Sobre Próstata", "Urologia fundamental na Prática Clínica", "Urologia em 10 minutos","Casos Clínicos de Urologia" e "Protocolos de Urgência em Urologia"

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