Cirurgia Endoscópica para HBP

Em que consiste a Cirurgia Endoscópica?

Sempre que possível, a cirurgia endoscópica é preferível à abordagem tradicional, "clássica", por via aberta, no tratamento dos doentes com Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP). 

Para além de ser menos invasiva, apresenta menor riscos de complicações para os doentes, com a mesma eficácia.  

O objectivo da intervenção passa por remover a parte da próstata aumentada, mas por via endoscópica, envolvendo a remoção de pequenos fragmentos do tecido prostático. 

Existem diversas variantes na abordagem à cirurgia endoscópica. 

A escolha entre as diferentes técnicas vai depender do volume da próstata do paciente, do seu estado clínico e medicação habitual. 

Como é o procedimento da Cirurgia Endoscópica para HBP?

Ressecção Trans-uretral da Próstata (RTU-P) ou Cirurgia Endoscópica Clássica 

Esta cirurgia, vulgarmente designada por RTU-P, continua a ser a técnica “Gold-standard”, ou seja, a técnica padrão para a cirurgia da HBP. 

O procedimento dura entre 45 minutos a 1 hora. Durante a intervenção, o doente está sob anestesia, portanto, não sentirá qualquer dor ou desconforto. 

A técnica de Ressecção Trans-uretral da Próstata envolve a utilização de um aparelho designado por ressectoscópio, que é introduzido pela uretra. 

Sob controlo visual com sistema de vídeo e com uma pequena ansa eléctrica (um filamento metálico através do qual passa uma corrente especial), pequenos fragmentos da próstata vão sendo seccionados e retirados.

Ao mesmo tempo, procede-se à coagulação dos vasos da próstata para controlar a hemorragia.

Os pequenos fragmentos da próstata são depois enviados para análise histológica, de forma a despistar a presença células anormais que possam sugerir a presença de cancro. 

Ressecção Trans-uretral com Corrente Bipolar

Trata-se de uma variante da RTU-P clássica, muito semelhante, mas que utiliza um tipo de ansa e de corrente eléctrica especial (chamada bipolar).

Esta abordagem permite realizar uma cirurgia com menor risco de complicações hemorrágicas e com menor interferência, por exemplo, no ritmo cardíaco ou em dispositivos como os pacemakers. 

A corrente eléctrica passa apenas entre dois filamentos do aparelho que faz a ressecção (os elétrodos) e que estão situados a uma curta distância um do outro.

 

Vaporização Trans-uretral da Próstata (VTU-P)

É outra variante da ressecção trans-uretral da próstata, em que com uma ansa especial se destrói o tecido prostático que é vaporizado, dissecado.

É uma técnica que pode ser utilizada em doentes com problemas de coagulação ou a realizarem terapêutica anticoagulante.

A diferença em relação à RTU-P clássica reside no tipo de corrente utilizada. Apesar de eficaz, causa geralmente um maior e mais duradouro incómodo no pós-operatório, nomeadamente mais queixas "irritativas" da bexiga.

 

Incisão Trans-uretral da Próstata (ITU-P)

Esta técnica está reservada para próstatas de pequenas dimensões. O procedimento envolve um corte profundo da próstata até à sua cápsula, sem retirar tecido prostático. 

Trata-se duma técnica mais rápida e com menor risco de complicações, como hemorragia, e com uma menor incidência de ejaculação retrógrada, uma das consequências inevitáveis da maioria das cirurgias prostáticas, sejam endoscópicas ou abertas. 

Embora alguns doentes conservem a ejaculação normal, este efeito secundário surge em consequência da destruição e eliminação do tecido prostático aumentado – necessária e  imprescindível – durante a cirurgia, pelo que não se trata propriamente de uma complicação, mas antes de uma consequência das cirurgias.

Quer saber mais sobre a Cirurgia Endoscópica para HBP?

A intervenção cirúrgica melhora significativamente as queixas urinárias dos doentes e a sua qualidade de vida. Deixa de se sentir uma vontade súbito e urgente de urinar, reduz-se o número de vezes que se urina de noite, melhora-se o fluxo urinário e diminuem-se ou eliminam-se queixas como o gotejo, o esvaziamento incompleto ou a dor abaixo do umbigo.

Como é o Pós-tratamento da Cirurgia Endoscópica?

Quando um doente com HBP é operado, não se retira a totalidade do órgão. 

É importante reter esta ideia, porque significa que existe tecido prostático normal e saudável que não é retirado. Ou seja, a parte da próstata que é “comprimida”, empurrada, pelo aumento benigno, não é retirada. 

Os doentes operados precisam por isso de manter uma vigilância regular deste órgão, quer com toque rectal quer com doseamento do PSA, ao contrário do que muitas vezes pensam (“se já fui operado à próstata, já não preciso de me preocupar mais com ela nem com as análises do PSA”).

Os doentes devem ser avaliados no pós-operatório imediato, nos dias a seguir à operação, diariamente até à alta. 

Deverá ser realizada uma consulta entre os 15 dias e o mês após a cirurgia. 

Daí para a frente, estes doentes deverão realizar, pelo menos, uma avaliação anual, com toque rectal e PSA, para o diagnóstico precoce de cancro da próstata.

 

Dr. José Santos Dias

Director Clínico do Instituto da Próstata

  • Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
  • Especialista em Urologia
  • Fellow do European Board of Urology
  • Autor dos livros "Tudo o que sempre quis saber Sobre Próstata", "Urologia fundamental na Prática Clínica", "Urologia em 10 minutos","Casos Clínicos de Urologia" e "Protocolos de Urgência em Urologia"

Perguntas Frequentes sobre a Cirurgia Endoscópica para HBP

Para que serve a Cirurgia Endoscópica Clássica?

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Quais são as diferentes variantes desta Cirurgia?

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Como é feita a Cirurgia Endoscópica Clássica?

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Quando tempo demora a Cirurgia Endoscópica Clássica?

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Referências

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